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Categoria: Amor

Vênus em Peixes


Lembro que quando era pequeno tinha mania de jogar a cabeça pro lado ou ainda de dar bananeira quando eu procurava alguma coisa e não a encontrava, eu olhava em lugares ilógicos como, por exemplo, encontrar o controle remoto dentro geladeira.

É engraçado relembrar isso, pois é um hábito que se manteve de forma discreta. Há pouco tempo percebi que mantinha esse jeito de ser, pois acharam engraçado eu jogar minha cabeça pro lado e olhar pra frente como se estivesse dando um zoom nos olhos. Era como se eu virasse um pinball de lado para a bolinha se desprender.

Em todo o caso esses pequenos hábitos loucos e já imperceptíveis para mim me fizeram entender que não existe uma busca por algo externo a você mesmo. É engraçado contradizer a ideia normativa de se ter um relacionamento, mas é real.

Não quero alguém que me complete, pois a metade de mim sou eu inteiro, sou e existo independente de outro ser humano, o irônico é que justamente essa percepção, que torna interessante estar com outro ser humano. Não se procura uma metade, vive-se com um inteiro.
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Coisas

Foto André Medeiros Martins
Existem coisas que me dão uma noção vaga de sentido na vida.

O sabor que toma a boca, o suco da fruta que escorre pelo queixo, o cheiro do seu corpo nos meus dedos, o sol que entra pela janela de manhã, as estrelas pintadas no céu, a chuva que avisa antes de cair e a brisa que me toca quando menos espero.

São coisas singelas, eu sei, mas são coisas, minhas coisas, coisas que me fazem bem.

Como acordar no meio da noite e perceber que, mesmo separados, você encontrou um jeito de quedar-se entre meus braços sem me despertar.

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3 de Copas

Eram três andando pela rua. Sorriam.

Caminhavam entre os prédios altos e as ruas estreitas da capital, a sombra dos prédios mantinha o caminho gelado, assim como a chuva provocada pelos inúmeros aparelhos de ar condicionado.

Já tinham quase trinta, mas ainda eram crianças, empurravam um ao outro como quem, por graça, faz o outro perder o equilíbrio. Eram amigos, confidentes… amantes.

Encontraram-se há pouco tempo, antes disso andavam separados a procura de um, mas foi nas curvas do dois que acharam suas metades. Definitivamente eram plural.

Na rua andavam sem medo, viviam acima de tudo. O povo em volta por sua vez temia. De alguma forma a existência daqueles três os amedrontava, o desejo de expurgar aquilo do todo era maior, maior que o amor que poderia existir fora dos limites da normalidade.

Aqueles três não eram homens ou mulheres, eram apenas crianças com seus quase trinta.

Os prédios não são feitos para as crianças.

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Uma carta para você,


Foto André Medeiros Martins

Eu só queria ver você sorrindo ao olhar pros meus olhos. Ouvir você suspirar palavras marcantes enquanto eu abro o zíper da sua calça e te masturbo como quem toca um instrumento em busca de uma nota única.
Ver suas bochechas rosarem enquanto pego a sua coxa com força e puxo contra a minha.
Sentir teus pelos roçando nos meus enquanto você vira os olhos, morde o lábio e solta um gemido baixo.
Ver sua pele arrepiar enquanto eu beijo sua nuca e meto minha pica entre suas nádegas brancas.
Você se liquefazendo entre meus braços, gemendo, gritando, mordendo. Pedindo mais.
Eu delirando a cada segundo dentro de você. Bombada após bombada, só querendo gozar na sua cara e ver você sorrir.
*Em homenagem a “Cartas Pornográficas de James Joyce”.
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Pronomes

Ele desejava Você. Ele, embora calado e sorridente, queria mesmo é ver Você sem roupa, de quatro e gemendo, enquanto Ele com a língua ia da nuca pra baixo.

Você ficava ali, sem tempo, correndo e morrendo aos poucos. Você sorria, e às vezes Ele imaginava que esse sorriso era só dele. Você ali parado com o coração no braço.
Ele só queria sentar com Você e contar as coisas de uma viagem a toa, beijar a boca, tirar a roupa e ver Você dormir.
Ele só queria comer Você e era só Você que Ele queria comer.
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