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Categoria: Casa

Peito

Aaron Kawai (sekushy)
Quero encostar minha cabeça em seu peito e brincar de desenhar com as nuvens do céu.

Nós dois nus sobre o lençol branco cheio de linhas enquanto a luz do abajur te contorna as coxas. Sinto minha cabeça subir a cada inspiração.

Sua mão a fazer cachos nos meus cabelos escuros. Ninhos.

Você levanta e abre a geladeira, recebendo o vento frio e que arrepia o peito. A gravidade te faz tão bem.

Ainda nu você enche as taças de vinho. Senta-se no banco da janela e me pinta com um olhar de poeta.

… Eu confesso que umedeço.
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Sozinho

Derek Fernandes

A chave penetra na fechadura e gira. A sala mal iluminada com algumas roupas jogadas no sofá tem um cheiro de lugar seguro. Ninho. Ele joga sua bolsa no chão e tira a camisa enquanto anda pro quarto.

Amanhã é dia de lavar a roupa, acusa o balde de roupas sujas. Ele chuta os tênis velhos para debaixo da cama e faz cestas com o par de meias, abre o zíper e a calça escorrega silenciosamente sem se importar com os pêlos da perna. Vai até o rádio e aperta o PLAY. Ele arranca a cueca e caminha pelado para o banheiro, o barulho da urina no vaso o diverte.

Liga o chuveiro e ergue a cabeça para que as primeiras gotas caiam sobre sua testa, ele gosta de sentir as gotas passeando por todo seu corpo. Ele encosta a testa no azulejo frio e deixa a água livre fluir. O sabonete se dissolve em pequenas bolhas limpando sua pele suada, retirando dele seu cheiro de homem usado.
Ele deixa a toalha secar seu corpo enquanto o vento frio lhe arrepia a pele. Cai nu na cama e se deixa adormecer enquanto a música toca.
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Aquela Casa

No meio de um intenso labirinto feito de folhas verdes existe uma casa. Uma casa serena, cálida e calma. Ali dentro afastada de tudo e de todos, só é possível chegar após muito esforço.
Dentro da casa quem diria. Uma lareira e mensagens de boas vindas era acolhedor afinal aquele casebre antigo. Uma paisagem oposta aos espinhos e venenos postos do lado de fora, ao longo do labirinto. Nas paredes da casa quadros pintados e pregos ainda vazios. Uma música boa tocava ao fundo e em cima da mesa uma taça de vinho do porto para expressar o gosto do sujeito oculto.
Eram três quartos ao longo do corredor que se encontrava no final da sala, no primeiro brinquedos antigos, puídos, uns de madeira e outros de pano. Alguns estavam manjados do tempo, o tempo sempre deixa suas marcas pintadas em tom sépia. No segundo quarto uma cama apenas, o resto vazio, era larga de lençol branco e macio, ninho intacto e sem janelas, coisa essa que ainda precisava ser construída. No terceiro quarto uma alegria invadia, eram balões e confetes que minavam das mãos de pessoas sem faces.
A casa todo cheirava a chá com biscoitos, não era nem quente nem fria, era na medida certa confortável e aberta para o vento tocar por carinho levemente a pele. Era como um abraço de saudades após anos de distância ou o primeiro beijo de enamorados que soltam faíscas.
Não era lá uma casa muito engraçada, mas era tênue, leve e amada.
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