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Categoria: Crônica

O Doce Cheiro da Chuva

Existem muitas coisas que me fazem feliz no mundo, talvez a maior delas seja quando chove e logo após o sol se faz presente. E então o mundo num simples ato, colore-se.
Existe uma sinfonia própria aos meus ouvidos tamanha é demonstração de vida e de ‘recriação’. Eu sinto essa mudança em cada centimetro do meu corpo feito de carne e osso. É como se enfim eu fizesse parte de algo, da vida, do planeta. Me sinto conectado de um jeito simples. Sinto quando a terra chama a chuva em murmúrio lento. Ouço as cores que tomam conta do planeta após a chuva. Sinto o gosto de cada gota que cai sob na minha pele.
Esse jeito simbólico de ver o mundo me conserva momentos fiéis ao ver a chuva cair. Essa simplicidade que atua sobre a vida me torna por um momento Alberto Caeiro. Como que sem querer me permito brincar de heterônimos de outra Pessoa. 

*foto – Leco Vilela

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A Velha Senhora

Seus cabelos já grisalhos sacudiam no vento, enquanto desferia golpes de facão nos galhos da grande árvore.

Seu corpo de muito se assemelhava ao da grande árvore. Seu rosto marcado pelo tempo e os vincos largos que corriam o tronco. Os pés ásperos e cheio de fisuras e a raiz que docilmente invade a terra. As duas largas e fortes aparentavam agüentar o peso do mundo. Seus corpos cheios de espinhos para afasta os inimigos, mas com a seiva doce para nutrir seus filhos.

O ato da poda, pela senhora, beirava o genocídio. Tamanha era sua semelhança com a grande árvore.

E mesmo assim, repetidamente ela atingia os galhos com seu facão. Constantemente. Pouco a pouco os galhos caiam assim como o suor do seu rosto. As folhas dominavam o chão da velha senhora.

A poda, o corte, o suor, a senhora. Tudo, exatamente tudo, parte do mesmo esquema, do mesmo esboço de um menino.
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