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Categoria: Mundo

Outros Aires

Foto por Leco Vilela


Sono agitado, coração acelerado, curiosidade a mil. O avião decola. Três horas depois, outro país, outra cultura; latinos iguais, mas completamente distintos. Seus rostos mais europeus do que os nossos, sua língua rápida e cheia de expressões e fortes articulações.
É da janela do ônibus, que me tira do aeroporto, que vejo os prédios correrem pra trás. Um ar decadente se espalha por Buenos Aires. Charmes antigos e mal conservados nas periferias da capital.
Muitos passos e muitas esquinas depois; lá vou como gosto de estar, caminhando com minha câmera na mão. Sacando histórias e contanto imagens.

São dezoito horas, a 9 de Julio se enche. Barulho. Mesmo assim as ruas não param, o ar se respira e a beleza se instala. Cidade pós-apocalíptica.
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CRASH

Ensaio – Foto por Carolina Loureiro de Brito
Eram quase cinco da manhã e aos poucos o azul do céu clareava. 60 Km/h. Minha mente vazia e embriagada corria. 90 Km/h. O choro veio como que por inércia, apareceu sem ser notado ou até mesmo convidado.
Meu corpo estava a 150 Km/h. Meu pé pesava contra o pedal. Era o silêncio seguido por uma chuva fina de cacos de vidro.
E como uma bailarina, o carro rodopiava, dando um salto para o seu cavalheiro. Foram três rodopios capotados. O cinto abraçava minha cintura larga. O choro seco me atormentava, tive medo de respirar. No final da dança eu estava inteiro, intacto, ileso…
O que me deixa mais feliz é saber que na hora em que morremos é tudo tão rápido que mal sentimos.

*Dedicado a Felipe Paludetti e Vicente Júnior

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Carta para o céu – O Avesso do Mundo

Hoje eu vi na tevê que o bicho que vive no centro da terra não para de ser mexer, ele deve estar tendo um pesadelo.

O ruim é que ele deve ter acordado o bicho que vive no mar, pois esse, nervoso pois-se a espirrar. O bicho do mar deve estar doente e talvez por isso tenha se irritado tanto, afinal ser acordado pelo irmão quando não se sente bem é de se deixar revolto.

Dessa vez a terra dos olhos puxados sofreu sem ao menos ver a cara dos monstros, mas acho que logo estará tudo bem, afinal quando um monstro destruía Tóquio, na tevê, na semana seguinte a cidade já estava inteira, prontinha para vir outro monstro e destruir tudo de novo. Pensando bem, eles devem estar acostumados com isso.

Já aqui no Sul dessa terra que já foi verde, as cidades parecem feitas de açucar, pois se destroem a cada chuva. Enquanto lá do outro lado do mundo super heróis brigam contra monstros gigantes, aqui desse lado só nos falta é guarda-chuvas.

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