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Categoria: Coisa

Sozinho

Derek Fernandes

A chave penetra na fechadura e gira. A sala mal iluminada com algumas roupas jogadas no sofá tem um cheiro de lugar seguro. Ninho. Ele joga sua bolsa no chão e tira a camisa enquanto anda pro quarto.

Amanhã é dia de lavar a roupa, acusa o balde de roupas sujas. Ele chuta os tênis velhos para debaixo da cama e faz cestas com o par de meias, abre o zíper e a calça escorrega silenciosamente sem se importar com os pêlos da perna. Vai até o rádio e aperta o PLAY. Ele arranca a cueca e caminha pelado para o banheiro, o barulho da urina no vaso o diverte.

Liga o chuveiro e ergue a cabeça para que as primeiras gotas caiam sobre sua testa, ele gosta de sentir as gotas passeando por todo seu corpo. Ele encosta a testa no azulejo frio e deixa a água livre fluir. O sabonete se dissolve em pequenas bolhas limpando sua pele suada, retirando dele seu cheiro de homem usado.
Ele deixa a toalha secar seu corpo enquanto o vento frio lhe arrepia a pele. Cai nu na cama e se deixa adormecer enquanto a música toca.
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Coxas

Prefiro te ver com o sol entrando pela janela do quarto, do que te ver como um sonho efêmero. Prefiro seu cheiro no travesseiro do lado, do que achar você em outros braços. Prefiro ser o beija-flor, que volta todo o dia pra te beijar os lábios.

A verdade é que entre tantas cartas de amor desesperadas, me vejo a te querer de forma simples e te querendo nos mínimos detalhes te libertar pra mim. Quero te dizer coisas leves e olhar em teus olhos doces. Quero o peso da sua mão na coxa.
Algumas coisas só cabem ao amor literário, que encorpado e forte como um vinho, quente e ardente como a vela na mesa de centro, te vira os olhos enquanto a noite cai.
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