Hoje o dia acordou noturno,
A chuva que caia em peso,
Tonelada em meu peito ardia.
(São Paulo é linda depois da chuva,
Mas durante enche o saco, confesso.)
Eu respirava a contra vento
Em meu olho marasmo ia.
Existe algo no intervalo das gotas, algo que resta nos telhados e calhas,
No momento entre um gole e outro do vinho que finda.
Meu corpo nu ao pano branco, a janela aberta cantava em coral a sinfonia das gotas cinza.
Dois corpos e uma alma e meia. Lá se ia a noite transformar-se em dia.