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Armadilha

Recentemente me dei conta de que tenho contado para as pessoas como a minha vida profissional me obriga a ser ríspido com homens héteros que menosprezam a minha carreira ou tentam me diminuir no ambiente corporativo. Percebi como revivo o ódio e a raiva ao narrar como respondi para esses homens. A ideia de que eu estava colocando eles no lugar, sem me dar conta de que eles estavam me colocando no lugar de macho agressivo, não só me tirando do meu centro, mas me jogando no meio do vórtex da masculinidade tóxica.

Não se engane, eu sempre fui estourado, pavio curto, ou seja lá como você queira chamar. Sou bem parecido com a minha mãe nesse sentido. Mas ainda sim sempre fui uma pessoa doce e carinhosa, como ainda sou com as pessoas próximas.

Então por que me deixar levar por essa toxicidade, por que a agressividade é um caminho tão inebriante. Me recuso a acreditar que isso parte apenas da testosterona. Deve ter algo a mais, eu não cresci numa casa com homens, aliás meu contato com eles era mínimo, se reduzia aos meus tios em datas comemorativas. Mas ainda sim a alegoria do macho a qual fomos criados me absorve.

Eu não gosto de mim com raiva, embora eu conheça muito bem esse sentimento. Gosto mais de mim alegre, rindo e fazendo rir. Percebo que fui me tornando áspero com o passar do tempo. Talvez não tão áspero como uma parede de chupisco, mas ainda assim gerando atrito e provavelmente machucados.

Ser gentil é realmente um ato de resistência, ainda mais sendo esse ser moldado à força bruta a quem demos o nome de homem.

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