É difícil imaginar cidades que não se abrem ao mar. Faz bem uns 4 dias que estou em Portugal e algumas cidades litorâneas botam-se distantes do mar naturalmente próximo, acredito que a história os ensinou a ter um respeito conquistado pelo medo.
Eu não sei bem como, mas sempre sei exatamente pra que lado é o mar. Ontem andando pelas ruas noturnas de Aveiro senti minha boca encher de sal. A brisa trouxe o gosto de mar aberto e dessa forma simples meu corpo já sabia onde encontrar o mar.
Quando fico muito tempo sem sentir essa água salgado na minha pele me dá coceira, siricutico, e quando a linha do horizonte some no azul dos olhos eu corro tirando a roupa, fazendo a benção na beirada e jogando a água na nuca e pulsos para avisar meu corpo o que esperar do salto pro infinito das ondas.
Não posso entrar com pulseira ou brinco no mar, mainha já pede presente e leva tudo que não dá mais pra lavar. É engraçado, do nada só sinto meu braço puxar e tchau cordão de amarrar.
Sendo honesto, na minha primeira viagem para além mar, minha maior curiosidade era se Iemanjá chegava até lá, besteira eu sei, mas ver o outro lado dela e entender que é o mesmo lado que eu vejo cá. Somos cercados de mar, essa é a verdade, saber onde ele está não é difícil, é só apontar para qualquer lado que inevitavelmente você chegará lá.