Eu acho que ando me questionando sobre meu amor. Não o amor que sinto, mas o meu amor como forma e conteúdo. Quero me unir a ti por puro amor? Ou nesse querer tem raízes de um pensamento compulsivo de união?
Existe sim a praticidade e segurança de uma vida a dois, mas para além disso existe o querer consciente. E nesse caminho de puxar o que é daninho percebo enroscado nas minhas raízes partes do meu amor e assim, sem querer, me questiono por que te amo. Dizem que você merece alguém que sabe te ama por completo. Será que não merecemos também aquele que se questiona se te ama por você ou pela ideia que tem de você?
Sartre elabora o amor a partir do querer legítimo, do protagonismo do sentimento em si. Da decisão diária de amar e nesse sentido entendo que te amo, mas aceito as dúvidas que me consomem sobre o que está dentro do nosso amor.
“Eu te amo, mas…” de repente me parece uma narrativa possível, um convite para juntos investigarmos o por que do nosso amor e como lidar com as partes do outro que ainda não aprendemos a amar. A reticência aparece como recurso deixando aberto o caminho para crescermos quanto um mesmo quando somos dois.