“Ele se punha ao banco próximo a bancada daquela padaria que se enchia de lembranças. Uma média e o pão de queijo como de costume, levou o copo a boca fechando os olhos.
Gosto de passado doce que assola a língua, e de sobressalto o passado se corporifica em um rosto geometricamente familiar. O outro a ser visto o reconheceu e sorriu. Nada foi dito ao final do olhar. Olhar que abraça, sorri e chora. Ele pagou a conta e foi embora.”
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“Eu ao pé da mesa largava minha mochila num baque grave. Era uma padaria daquelas modernas com sinetas eletrônicas pra chamar garçom. Costumava comer ali após o longo dia de trabalho.
Acho que só agora tomo a noção do baque forte provocado pela mochila pesada, aquele rosto memoravelmente familiar me olhava em interrogação. Era Antônio, ainda estava longilíneo e carregava uma ou duas rugas no canto dos olhos. Sentou em minha mesa e nas próximas 3 horas a conversa fluía como o rio que banhava nossos corpos de criança.”