Eu tinha 16 anos, um moicano com tonalizante vermelho, usava uma camiseta preta com uma caveira com a língua pra fora, uma jeans surrada e um par de all stars.
Eu estava com alguns amigos na paulista durante a Parada Gay de São Paulo, quando o trio elétrico da A Loca, passou por nós. Era o único trio que tocava um pouco de rock então eu deixei meus amigos e fui pra trás do trio dançar.
Quando percebi um homem com o cabelo liso e comprido atrás de um trenzinho vindo em minha direção. Ele me olhava. Eu sorri. Deu pra ver seus neurônios repensarem diversas vezes se deveria ou não me beijar, eu era “tão novinho”. Me beijou. Foi tão certo. Meu corpo finalmente se encaixou. Na época eu não usava barba então a pele áspera do rosto dele arranhou minha pele lisa. Os pelos do braço dele encostaram nos meus, nossos peitos e barrigas próximos e a língua dando piruetas dentro e fora das bocas.
Ele foi embora e eu fiquei, mudado, diferente. Olhei pra trás, para onde estavam meus amigos, todos héteros, e eles comemoravam e acenavam pra mim, dedões pra cima, sorriso no rosto.
Depois disso foi uma questão de “Leco 1, Leco 2, Leco 3 e 4… Caralho Leco, 5?!”.
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