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Categoria: Corpo

Cumplicidade

É no escuro que o amor se faz e o gemido se deita ao lado na cama.
O plástico vira pele e penetra lentamente a alma.
O carinho que vem tênue no braço. Artificial tornando-se real.
O prazer em lugares inesperados, impensados, impossíveis…
São expressões fixas que se transformam conforme o olhar.
São corpos estáticos que se tornam fluídos enquanto se enlaçam.
O Desejo além dos olhos são suspiros mudos que se findam nas coxas.
É a cumplicidade de dois corpos que se habitam.

*Este texto foi entregue a quem visitou a exposição ‘Cumplicidade’ nos dias 3 e 4 de agosto de 2012
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Buz

A View from My Window – Jan Saudek

Silêncio.
Ele estava parado a admirar o céu pela janela. Seu gato lhe roçava as pernas, enquanto respirava fundo aquele ar frio de um dia ensolarado.
A luz do sol entrava de leve, batia em seu rosto fazendo seu olho direito brilhar. Os raios de luz escorregavam pelo seu peito com pelos ralos. As suas costas arrepiadas pelo o vento salientavam a curva de seus quadris que findava numa bermuda jeans rasgada.
Seus pés fixos no chão lhe davam um caráter sólido. Estado contemplativo.
Não pensava em ‘o ques’ ou ‘porques’, apenas olhava ao longe um horizonte azul, seus lábios rosados, mesmo imóveis, pareciam gritar poemas e palavras de acalanto. Seu mamilo saltava como que pedindo o contato da língua.
Barulho.
… Sempre olhamos quando uma porta se abre.
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Faces da Liberdade

Foto de Marcelo Souza Almeida
 
Tenho ouvido batalhas, protestos, conflitos e gritos. Tenho visto o povo gritando e se agitando. Percebo a fúria de uma população que se acostumou ao silêncio. Uma panela de pressão pronta para espalhar feijão no teto.
Penso nos motivos e nos discursos, não se trata de liberdades coletivas, mas de liberdades individuais. O povo se agita e grita, pois cansou de negar a si em prol de um coletivo nuclear, que é atribuído de um sentido mágico de segurança.
Nas ruas eles clamam pela liberdade do próprio corpo, de se mostrarem como são por dentro, pela própria libido que lhes foi comprada. Pessoas morrem em nome de suas próprias vontades que são oprimidas por um aparato social precário e antiquado.
Direito ao útero, ao sexo, ao gênero, ao livre pensamento, ao amor livre. Apelos simples de almas que não querem ser regidas pelos pecados de outros.
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