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Categoria: Cultura

Faces da Liberdade

Foto de Marcelo Souza Almeida
 
Tenho ouvido batalhas, protestos, conflitos e gritos. Tenho visto o povo gritando e se agitando. Percebo a fúria de uma população que se acostumou ao silêncio. Uma panela de pressão pronta para espalhar feijão no teto.
Penso nos motivos e nos discursos, não se trata de liberdades coletivas, mas de liberdades individuais. O povo se agita e grita, pois cansou de negar a si em prol de um coletivo nuclear, que é atribuído de um sentido mágico de segurança.
Nas ruas eles clamam pela liberdade do próprio corpo, de se mostrarem como são por dentro, pela própria libido que lhes foi comprada. Pessoas morrem em nome de suas próprias vontades que são oprimidas por um aparato social precário e antiquado.
Direito ao útero, ao sexo, ao gênero, ao livre pensamento, ao amor livre. Apelos simples de almas que não querem ser regidas pelos pecados de outros.
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Mombojó comemora 10 anos com show agitado

A noite de sabádo,26, prometia, no lounge a espera do show de 10 anos do quinteto Mombojó, tudo parecia tranquilo, sem grandes multidões. Os garotos pernabucanos preparam 2 repertórios distintos para as duas apresentações comemorativas.

O show começou com 10 minutos de atraso, mas a tranquilidade do lounge se fora, mais da metade da platéia estava ocupada. O público conversava despereocupado parecendo não se incomodar com o leve atraso, mas a ansiedade era visivel, ao primeiro som do microfone todos se calaram.
A banda abriu o show com a agitada “Amigo do Tempo”, que leva o nome do novo álbum dos rapazes. Não demorou muito para que a galera que assistia ao show ocupasse as laterias do palco, o que não podiamos esperar é que logo na terceira faixa “Duas Cores” toda a extensão do palco fosse ocupada pelos fãs do grupo, mas é claro que não parou por ai, afinal o acesso a platéia foi ocupado por pessoas em pé embaladas ao som de Mombojó.
Destaque para a participação mais do que especial de Vitor Araújo, um pianista maravilhoso que encantou a todos com sua força, seu domínio e seu estilo tenso de tocar. Vitor acompanhou a música “Báu” junto com todo o grupo, o pianista foi aplaúdido e aclamado por toda platéia.
A iluminação do show integrava os espectadores colocando-os como parte do espetáculo. Enquanto o jeito desengonçado de dançar de Felipe, arrancava gritos de alguns pessoas pela sala. O vocalista se deixou levar pela música “Faaca”, que levantou toda a platéia, dando até uma cambalhota em meio aos seus passos que me lembraram por um instante de Ian Curtis, vocalista do Joy Division.
E assim como começou, terminou, Felipe, Marcelo, Chiquinho, Samuel e Vicente, sairam pelo lado direito do palco, com suas cervejas nas mãos e com o sour que descia de seus corpos. Foi um ótimo show.
* Texto publicado no site Dynamite Online
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Grupo Contato

Dança e Expressão Corporal from reinaldogarciadesouza on Vimeo.

Na manhã de ontem, dia 22 de Outubro de  2010, o metrô vazio me levava para o ensaio, sempre aberto, do Grupo Contato.

O grupo de dança faz parte do projeto cidadãos cantantes, que além de participar da luta antimanicomial está a mais de 10 anos batalhando pela manutenção da saúde mental e a ocupação de toda a população para com a cidade. O ensaio acontece todas as sextas-feiras das 10h às 13h, na Sala Vitrine da Galeria Olido e engana-se quem pensa que irá lá só para assistir, na dúvida leve sua roupa folgada e junte-se a eles na dança.

E foi exatamente isso que me aconteceu. Ao chegar à Galeria Olido o coração já bati forte e a saudade de tantas pessoas queridas que à muito não via, vieram a tona. Abro a porta de vidro e o abraço caloroso de todos os integrantes do grupo me acolhe. Conversa vai conversa vem, fomos para a dança. Através da dança e da expressão corporal e utilizando a linguagem de contato improvisação, o grupo cria o espaço para suas discussões sociais com o próprio corpo.

E é com esses 10 anos de história que o Grupo Contato embarca em menos de um mês para a Argentina, para participar do Congresso de Saúde Mental e Direitos Humanos, com a apresentação do espetáculo “O Individuo e o Coletivo e seus Desdobramentos” – Que no fim do ano estréia aqui em São Paulo. 

 
Grupo é coordenado por Tatiana Bichara, Doutorando em Psicologia Social sobre o trabalho que o grupo realiza.
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Cenicitas

Com uma carta de Frederico Garcia Lorca para Salvador Dali o filme se inicia. Apesar de se passar na época de ascenção do surrealismo e o estouro da Guerra Civil Espanhola, o filme adota uma fotografia impressionista, primando pelo jogo de luz no arquétipo, seja esse o corpo dos atores, seja esse o cenário milimétricamente calculado.

Abordando a suposta relação amorosa entre Lorca e Dali, o filme trás um retrato de um movimento que eclodiu por toda Europa. A presença do cineasta Luis Buñuel, parece credibilizar a narração do filme, que toma por personagens seres reais que serviram como ícones de uma revolução não só política como sociocultural.

Com uma trilha sonora marcante e forte, como só poderia se esperar de um filme que remonta as entranhas da Espanha. O Filme é rodado em sua grande parte em Barcelona e é um projeto co-produzido entre o Reino Unido e Espanha.

Impressões


Após entrar em contato com esse filme, que até então é encarado de forma ficcional, me pego a pensar nas obras de Lorca por mim conhecidas. Um texto que sempre me alcançou de forma monocromática, ganha novas nuances. Ao pensar em Dali como fonte de inspiração do poeta e dramaturgo.

Talvez então, a força de seus textos, estejam justamente na cultura que Lorca tanto preservava, talvez essa força, que até então me fugia aos olhos, esteja em sua língua natal, em seu doce vinho espanhol.

“uma vida sem limites” – como menciona Dali no filme.

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Donka – Uma Carta a Tchekov

“Muitas vezes, quando vemos um homem sentado num bar, com uma folha em branco e um café ao lado. Achamos que ele não está fazendo nada. Mas erramos, nesse silêncio ele cria, cria sonhos, cria mundos, cria vidas…”
E assim como uma carta que nunca foi escrita o espetáculo ‘Donka – UMA CARTA A TCHEKOV’ encanta por sua simplicidade. Repleto de efeitos visuais e sonoros, a peça ganha ritmo com os clowns que permeiam durante todo o espetáculo. Um jeito de se fazer arte.
O espetáculo só fica em cartaz até esse domingo no Sesc Pinheiros. E até lá, tenho certeza, irá conquistar muitos outros corações.
Vídeo Divulgação
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