Anseio pela viagem e pelo desconhecido. Acho incrível a capacidade de algumas pessoas de saírem de suas casas com uma mochila, um bom sapato e muita coragem. Não vejo esse tipo de viajante em mim. Nunca foi de acampar ou de pegar caronas na estrada, mas isso não diminui o valor do caminho.
Muitos falam que a estrada é solitária, li isso em muitos livros também, mas a verdade é que a estrada recebe a todos que nela pisam. Claro que receber não é zelar, a estrada não pode se preocupar com o suor da sua testa ou o calo do seu pé. Nela você aprende mais sobre você, não só limites, mas também sentimentos e dor.
Nós passamos muito tempo fugindo da dor, nos dopamos na esperança que ela desapareça, mas no fim das contas, ela continua lá, a gente que vai aprendendo a ignorar. Dizem que isso faz de você alguém mais forte. Eu ainda acho que forte é quem encara a dor nos olhos, resolve as coisas e sai andando. Sei que isso pode ser mal interpretado e encarado como falta de educação, mas pense bem, educação de quem? Quem te ensinou a ignorar a dor?
A estrada não é feita de caminhos fáceis, talvez por isso ela me fascina tanto. Afinal nunca fui normal e sinceramente, nesse meu quarto de século, considero isso um elogio.
Qual o propósito da estrada? Ela é uma imagem densa, sem dúvida, um signo forte de liberdade, força e rompimento. É como a esfinge de Tebas, é necessário decifrar ou se deixar devorar.
A estrada não se trata de uma fuga, se trata de um adeus.