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Categoria: Juventude

Cobre

Era uma tarde sem vento, as nuvens paradas pareciam algodão lá em cima. Buzinas, pássaros, motos e latidos. Fazia barulho, mas numa escala reduzida, como se todo o planeta tirasse um cochilo.

A dúvida pesava sua cabeça, não sabia ao certo para onde ir, o que fazer; estava parado em um tempo de espera e sua ansiedade o levava a loucura. Criava mundos e os destruí conforme esmagava o papel com suas mãos. As bolas, geometricamente imprecisas, cobriam agora boa parte do chão.

Queria ser um gênio, como aqueles que aos vinte e tantos faziam riquezas e renomes, aqueles que ganhavam prêmios sem, aparentemente, fazer esforço algum. Seus dedos corriam ligeiros a espera de uma aventura que não se constrói linearmente, mas só lhe restava o fino papel amassado.

Estava quente e o suor era inerente ao seu esforço físico. Sua pele tomava notas salinas, já estava sem camisas e com o pé nu a tocar no chão, mas mesmo assim seu corpo jorrava. O líquido que escorria por seus poros lhe dava um tom brilhante que ressaltava suas curvas e ângulos.

Silêncio. Frustrado se pós de pé em um pulo, tirou a única peça de roupa que o mantinha no mundo civilizado. Nu caminhou até o chuveiro e deixou que a água gelada caísse sob sua cabeça. Esperou que talvez aquela queda d’água também levasse seu medo, sua impaciência e por que não sua impotência, assim como levava o suor de seu corpo acobreado.
 

De pé e sem pressa se deixou banhar.

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Geração Coca Zero*

Vivemos numa geração de esperas, num intercambio de idéias e conceitos, estamos no meio de tudo isso e tudo isso está no nosso meio.
Recebemos tantas informações que não administramos nem metade delas. Não sabemos quem somos o que somos e no fim não temos nem certeza se o som se propaga no vácuo.
Não têm como não associar a imagem do filme da Disney “Alice no País das Maravilhas” em que muitas setas dominam a paisagem, com a realidade do jovem atual, é um mundo de consumo exagerado de informações rápidas, conflitos internos por coisas cada vez mais complexas e detalhistas, somos como uma poeira em frente ao aspirador. Não sabemos do nosso destino, não sabemos por onde começar. Enquanto no passado os jovens lutavam por um mundo melhor, hoje vivemos nesse mundo construído com a missão de construir um próximo, num ciclo infinito de destrói e constrói. Moramos sozinhos, seja num apartamento no centro, seja num quarto na casa dos nossos pais, vivemos independentes e dependentes de nos mesmos e de tudo a nossa volta. Não sabemos que caminho tomar, mas sabemos dos que não queremos, muitos acabaram cedendo ao que vai acabar com a sua felicidade, outros vão até o limite pra se sustentar pra ter a absoluta certeza que não se venderam que não perdeu seu ideal, que é feliz que é livre, mas esse caminho tem pedras e espinhos, esse caminho machuca, esse caminho marca e exatamente por isso muitos dirão que não vale a pena, mas talvez seja isso que faça valer a pena. Enfim é assim vivemos, em eternos conflitos, numa época de perigos constante, perigos físicos, perigos psicológicos, perigos farmacêuticos.
Esse é o retrato de uma sociedade que cresce tanto a margem com dentro dessa sociedade tumultuada que vivemos hoje.

*Alusão ao titulo da música “Geração Coca-Cola” de Renato Russo.

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