Categoria: Leco Vilela
Cumplicidade
O plástico vira pele e penetra lentamente a alma.
O prazer em lugares inesperados, impensados, impossíveis…
São corpos estáticos que se tornam fluídos enquanto se enlaçam.
É a cumplicidade de dois corpos que se habitam.
*Este texto foi entregue a quem visitou a exposição ‘Cumplicidade’ nos dias 3 e 4 de agosto de 2012
O Doce Cheiro da Chuva
*foto – Leco Vilela
Pesto
Ando com tanta fome nesses últimos dias, uma larica sem fim, no fim das contas. Fome de tudo, fome de mundo. É como se de repente eu tivesse me dado conta de quão grande é o mundo e de quão pequeno sou eu, e nessa imensidão de mundo, não me sinto perdido, mas sinto fome, fome disso, sede disso. Quero comer tudo de garfo e faca, de colher, de mão. Tenho fome isso é fato e eu quero comer o mundo inteiro e dane-se a indigestão do dia seguinte, nada que um engov não resolva, ou eu boto pra fora, visceral talvez, mas real, sem dúvida real, a fome é real, é mais que suposição, que abstração, é real.
Será que alguém pode me ver um pedaço de mundo ao molho pesto? Porque se ninguém puder, não tem problema… Eu mesmo faço, nunca tive medo de mão na massa, não vai ser agora que eu to com fome que vou me fazer rogado, eu quero a poeira, eu quero a estrada, eu quero a vida que eu deixei fugir por todos esses anos, to aqui vivo, de peito aberto e saiba que se tu – vida – não vens, vou eu!
Subway
“Hoje é sexta-feira dia 30 de Outubro de 2009, são exatamente 7h42 e nesse horário já fiz muitas coisas, o mêtro está parado o que me dá mais tempos para essa resenha.
Bom, hoje acordei cedo pois as 6h44 chegava à São Paulo um pedaço do Rio de Janeiro, no caminho para a rodoviária, prensado entre corpos na lotação que me leva até a estação tucuruvi do mêtro, começa a tocar uma música do Jack Johson e o senhor atrás de mim começa a rebolar ao ritmo da música, com sua bunda ligeiramente grande – irresistível não se deixar rir da situação, “coisas de cidade grande” , vai saber?.
Depois de encontrar meu pedaço do Rio, sigo para a faculdade. No mêtro em pé diante de mim, um casal de [d]eficientes mentais se beijam, brincam de cocegas, sentam no colo um do outro, sem o mínimo de puder de serem felizes, sem querer me pego a sorrir descaradamente e achando graça me senti parte dessa grande metrópole que por mais cinza, cimentada e com um mêtro com sérios problemas, pois parou novamente, bate e circula quente como um coração.
São Paulo pode sim ser a terra da garoa, do trem das onze, mas é muito mais que isso, que cimento, é mais carne, é vida, é amor em meio de tanta correria.”Atenciosamente,
Leco Vilela