A dúvida pesava sua cabeça, não sabia ao certo para onde ir, o que fazer; estava parado em um tempo de espera e sua ansiedade o levava a loucura. Criava mundos e os destruí conforme esmagava o papel com suas mãos. As bolas, geometricamente imprecisas, cobriam agora boa parte do chão.
Queria ser um gênio, como aqueles que aos vinte e tantos faziam riquezas e renomes, aqueles que ganhavam prêmios sem, aparentemente, fazer esforço algum. Seus dedos corriam ligeiros a espera de uma aventura que não se constrói linearmente, mas só lhe restava o fino papel amassado.
Estava quente e o suor era inerente ao seu esforço físico. Sua pele tomava notas salinas, já estava sem camisas e com o pé nu a tocar no chão, mas mesmo assim seu corpo jorrava. O líquido que escorria por seus poros lhe dava um tom brilhante que ressaltava suas curvas e ângulos.
Silêncio. Frustrado se pós de pé em um pulo, tirou a única peça de roupa que o mantinha no mundo civilizado. Nu caminhou até o chuveiro e deixou que a água gelada caísse sob sua cabeça. Esperou que talvez aquela queda d’água também levasse seu medo, sua impaciência e por que não sua impotência, assim como levava o suor de seu corpo acobreado.