Seus olhos claros e límpidos a destacavam na turva realidade do dia-a-dia. Ela costumava sorrir a quem lhe cruzasse o caminho, de alguma forma sentia que ajudava quando fazia isso.
Não estava de toda errada, afinal ao ver o quadro perfeito que envolve seu sorriso e acentua seu olhar singular homens e mulheres pareciam receber o toque de um anjo.
Ela era assim, amável, carinhosa, e por que não angelical? Mas assim como Terezinha, não demorou muito e foi ao chão, de anjo passou a demônio, de menina do vestido branco virou Geni. Aqueles olhos que antes lhe agradeciam sorrindo hoje a repudiavam em carrancas.
E a origem desse ódio desmedido e dessa raiva inconsciente era uma simples vírgula que ocupava o lugar do traço. Ela não havia mudado e mesmo assim ouvia em coro termos xulos ao passar na rua, eles é que haviam mudado.
Nada mais de sorrisos e nada mais de olhares, somente uma ira ancestral que culminou na morte por apedrejamento da bela moça, aquela que morreu por conta de uma vírgula, de um simples erro gramatical.