Desde pequeno ele ouvia que era preciso correr atrás do dinheiro. Pobre garoto não só ouvia como também via a correria forte atrás desse tal dinheiro.
Cresceu vendo adultos brincando de empurra-empurra pra entrar no trem lotado, olhava querendo entender as regras desse jogo tão chato, pensava isso, pois todos pareciam irritados.
Os anos passavam e o tal garoto foi vendo os amigos planejando o futuro, alguns queriam brincar de médicos, outros construir prédios e ele não sabia ao certo o que queria, então por inércia seguia caminhando, descobrindo o mundo desbravando os pequenos sonhos que se punham em sua frente.
Já era um adolescente e a vida o forçava mais pela corrida do din-din, cinema, fliperama, namoro, comida, balada… Ele parava, olhava para tudo aquilo e parava.
Nunca fez muito sentido pra esse garoto ver tantos corredores de dinheiro com tanto medo de perder tudo que mal viam por onde andavam. Ele gostava de caminhar, de dançar, de ler e de sonhar, mas novamente por inércia correu, embora não pelo mesmo objetivo, mas correu.
Essa criança, adulto virou, e dessa vez parou de vez. Virou pro lado e deitou na grama, olhou pro céu e respirou fundo. Dormiu.
Quem ainda corria olhava e dizia mais um Zé Ninguém. Ele ali deitado sonhava, acordava, dormia, sonhava, virava, pensava, resmungava, pensava, sonhava…
Demorou seu tempo e então levantou, deu as costas pra pista e foi subindo a colina que muita gente temia, estava sem medo, sem dinheiro e sem dúvida ou dívida. Seguia, o garoto já adulto caminhou e nunca mais pra corrida voltou.
Há boatos de que ele continua um garoto que caminha, dança, lê e sonha. Enquanto os outros, pelo dinheiro ainda correm.