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Nome da Coisa Posts

Notas de um diário

Querido diário,

Hoje eu acordei e me dei conta de que amar é mais complicado do que se parece, mas mesmo assim Sartre faz sentido quando diz que é possível amar mais de uma coisa ao mesmo tempo, mas o que torna isso um ‘amor verdadeiro’ é acordar todos os dias desejando estar com aquele amor, mesmo continuando amando os outros.

Então eu penso que amo, amo tantas coisas que por momentos eu acordo e não sei mais o que eu amo mais, mas sei que com o tempo eu percebi que às vezes você abre a mão de um amor para vivenciar outro. Isso não torna o antigo amor menos amado, ou menos importante. É uma questão de vida, de escolha mesmo, minha escolha.
Sendo assim a minha vida é responsabilidade inteiramente minha. Sou eu que escolho todos os dias pra onde ir, o que fazer, quem ser… O que amar. E é por isso que eu disse que amar é mais complicado do que se parece. Sei lá, você entende o tamanho desse poder?
Eu já abandonei alguns amores. Eu já fiquei completamente perdido, sem saber a qual amor dar atenção e me desesperei, mas eu também já fiquei assim de novo e me senti bem. Dessa segunda vez era como se eu soubesse que estava tudo bem em não saber para onde se vai.
Nesse dia eu parei de forçar as coisas, fechei os olhos, respirei fundo e assumi meu estado de perdido. Hoje eu sei qual amor seguir, um amor que eu conheci na infância, quando eu tinha menos de oito anos de idade. Parece besteira, mas lembrar daquele dia tem me trazido momentos de uma nostalgia boa, e tem me feito lutar, trabalhar, ralar mesmo; para conseguir estar com esse amor novamente.
Não se ama só pessoas, se ama coisas, estados, lugares, comidas, etc.
Ama-se por completo.
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A Folha


Escrevo, pois a cada linha que se forma me sinto leve, escrevo para falar dos meus demônios, dos meus desejos e dos meus anseios. São histórias que se findam curtas, mas de um processo longo.

Encontrei nas páginas um alívio profundo. Épico. Sinto-me bem ao retratar a chuva que cai suave e faz orquestra lenta na minha janela. A verdade é que em baixo de cada pedra existe uma história, seja minha ou de outros, o ato de repassá-las, as histórias, é recompensador.

Meus músculos escondem segredos que eu mascaro em folha branca.

Gosto do drama mais do que da tragédia, acho que é a minha ‘latinicidade’ latente. E por isso eu escrevo sobre o cotidiano torto que se esconde em cada janela, atrás de cada cortina.

Na esperança de talvez entender um pouco mais sobre o mundo e sobre mim mesmo. Passo horas olhando o nada e ouvindo tudo.
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Um ensaio sobre o vazio


Às vezes a gente acorda suado, meio revirado, sem saber onde está. Demora um pouco para o olhar focar e nos reconhecermos. Nesses milésimos de segundos nós não somos nada, somos a ausência de tudo, somo uma sala vazia.

É nessa dúvida legítima sobre o sentido que tudo se desmancha e se reconstrói. Às vezes a vida é uma merda e não temos ideia de pra onde vamos, mas a verdade é que nosso vazio é nosso. A cada dia que eu acordo, eu preencho meu vazio com todo o meu passado.

Essa não é uma história com personagens e tempo cronológico, é um desabafo escrito de um mente conturbada.

Hoje meu vazio durou mais do que milésimos, estiquei meu vazio em horas e provoquei a completa ausência de mim. Coisas simples me fizeram sorrir.

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Eco

Ao acaso um convite, a ausência de uma voz e a necessidade de um tempo. Disse sim. O nervosismo antes do palco, o descontrole da bexiga, a respiração descompassada e meu nome soa no microfone.
Apresento-me desajeitado e tento na medida do possível conversar com todos ali sentados, como se tivesse entre amigos. Tantos olhares. Respiro fundo.
Primeiro o título, depois o parágrafo e assim se faz.  Nas risadas deles enxerguei um humor invisível pra mim. Achei graça em ter graça com frases simples.
Foram alguns minutos, rápidos minutos, que me estamparam um sorriso no rosto. Ainda guardo a sensação das minhas bochechas rubras.
Entre estranhos e conhecidos, li pela primeira vez meus mais secretos segredos. Compartilhei pedaços de mim, me ecoei.
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Miopia


Ficava parado olhando pela janela as pessoas passarem.

Via corpos nômades e buscava um traço comum aos meus olhos.

… Te esperava.

Tinha o hábito de insistir, não importa muito em que, mas sempre fui de insistir. Por isso, passei tanto tempo impondo meus desejos e lutando para faze-los realidade. 

Talvez tenha me acostumado a ser assim, insistindo em você.

Via em você algo que eu queria tatuado em mim.

Miopia é uma anormalidade que só permite ver os objetos a pequena distância do olho.

Acho que meu olho aprendeu a te ver por aqui.
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