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Nome da Coisa Posts

Cumplicidade

É no escuro que o amor se faz e o gemido se deita ao lado na cama.
O plástico vira pele e penetra lentamente a alma.
O carinho que vem tênue no braço. Artificial tornando-se real.
O prazer em lugares inesperados, impensados, impossíveis…
São expressões fixas que se transformam conforme o olhar.
São corpos estáticos que se tornam fluídos enquanto se enlaçam.
O Desejo além dos olhos são suspiros mudos que se findam nas coxas.
É a cumplicidade de dois corpos que se habitam.

*Este texto foi entregue a quem visitou a exposição ‘Cumplicidade’ nos dias 3 e 4 de agosto de 2012
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Peito

Aaron Kawai (sekushy)
Quero encostar minha cabeça em seu peito e brincar de desenhar com as nuvens do céu.

Nós dois nus sobre o lençol branco cheio de linhas enquanto a luz do abajur te contorna as coxas. Sinto minha cabeça subir a cada inspiração.

Sua mão a fazer cachos nos meus cabelos escuros. Ninhos.

Você levanta e abre a geladeira, recebendo o vento frio e que arrepia o peito. A gravidade te faz tão bem.

Ainda nu você enche as taças de vinho. Senta-se no banco da janela e me pinta com um olhar de poeta.

… Eu confesso que umedeço.
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Buz

A View from My Window – Jan Saudek

Silêncio.
Ele estava parado a admirar o céu pela janela. Seu gato lhe roçava as pernas, enquanto respirava fundo aquele ar frio de um dia ensolarado.
A luz do sol entrava de leve, batia em seu rosto fazendo seu olho direito brilhar. Os raios de luz escorregavam pelo seu peito com pelos ralos. As suas costas arrepiadas pelo o vento salientavam a curva de seus quadris que findava numa bermuda jeans rasgada.
Seus pés fixos no chão lhe davam um caráter sólido. Estado contemplativo.
Não pensava em ‘o ques’ ou ‘porques’, apenas olhava ao longe um horizonte azul, seus lábios rosados, mesmo imóveis, pareciam gritar poemas e palavras de acalanto. Seu mamilo saltava como que pedindo o contato da língua.
Barulho.
… Sempre olhamos quando uma porta se abre.
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Sozinho

Derek Fernandes

A chave penetra na fechadura e gira. A sala mal iluminada com algumas roupas jogadas no sofá tem um cheiro de lugar seguro. Ninho. Ele joga sua bolsa no chão e tira a camisa enquanto anda pro quarto.

Amanhã é dia de lavar a roupa, acusa o balde de roupas sujas. Ele chuta os tênis velhos para debaixo da cama e faz cestas com o par de meias, abre o zíper e a calça escorrega silenciosamente sem se importar com os pêlos da perna. Vai até o rádio e aperta o PLAY. Ele arranca a cueca e caminha pelado para o banheiro, o barulho da urina no vaso o diverte.

Liga o chuveiro e ergue a cabeça para que as primeiras gotas caiam sobre sua testa, ele gosta de sentir as gotas passeando por todo seu corpo. Ele encosta a testa no azulejo frio e deixa a água livre fluir. O sabonete se dissolve em pequenas bolhas limpando sua pele suada, retirando dele seu cheiro de homem usado.
Ele deixa a toalha secar seu corpo enquanto o vento frio lhe arrepia a pele. Cai nu na cama e se deixa adormecer enquanto a música toca.
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CRASH

Ensaio – Foto por Carolina Loureiro de Brito
Eram quase cinco da manhã e aos poucos o azul do céu clareava. 60 Km/h. Minha mente vazia e embriagada corria. 90 Km/h. O choro veio como que por inércia, apareceu sem ser notado ou até mesmo convidado.
Meu corpo estava a 150 Km/h. Meu pé pesava contra o pedal. Era o silêncio seguido por uma chuva fina de cacos de vidro.
E como uma bailarina, o carro rodopiava, dando um salto para o seu cavalheiro. Foram três rodopios capotados. O cinto abraçava minha cintura larga. O choro seco me atormentava, tive medo de respirar. No final da dança eu estava inteiro, intacto, ileso…
O que me deixa mais feliz é saber que na hora em que morremos é tudo tão rápido que mal sentimos.

*Dedicado a Felipe Paludetti e Vicente Júnior

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