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Nome da Coisa Posts

Gotas em Mi Menor

As gotas escorrem em sinfonia lenta pela janela larga que ilumina a sala. São seis horas da manhã e meu corpo suado começa a perceber o frio que sem bater entrou.
Pesadelos instigam mais meu corpo do que corridas inteiras, a camiseta encharcada me questionava em harmonia com a chuva que tocava blues do lado de fora. Dancei na chuva enquanto dormia?
Ah que bom seria! Ter sido sonâmbulo nesse jogo de infância perdida, brincar na orquestra gotejante e transparente. Será que eu corria? Ou ficava à girar em círculos concêntricos? Deitei no chão? Cantei palavras de Gentileza em mi menor enquanto a nuvem baixa chorava leve?
Sobressaltado, duvidoso e molhado; este era meu retrato as seis frias horas de uma manhã chuvosa durante a primavera de 2011.
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FormulAções

Lembra de quando tudo se resolvia quando PI era só 3,14 e não o barulho que invade as orelhas perturbando o sono?
A raizdas coisas era quadrada e tinha seu valor concreto e não era o caminho do trauma que te rasga o peito.
Matriz de números reais não se diluíam nas colunas dos seus sentimentos.
O x³ era só uma multiplicação tripla de si e não a sala cúbica que te prende.
∂ era energia e não a perda de energia. A Vm era influenciada pela distância e não só pelo tempo como nos dias de hoje.
Δ Era uma variável e não aquele que te magoou.
Está é a nossa matemágica do mundo comtemporâneo. Onde poucas coisas fazem sentido e o ∞ é só um 8 que cansou de ficar em pé.

Poços de Caldas – MG
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Bailarina

 Lembra aquele dia
Em que comprei um livro naquela banca vazia?

Deitado na sua cama lia
Enquanto massagem no meu pé fazia

Lembro do seu olhar entre minhas coxas
E o sol que batia em retângulo nas mobílias
Soando ao fundo risadas e fumaças

No computador as linhas de áudio que não entendia
Entre as minhas folhas o diálogo que não compreendia

À noite como nós dois
Ia
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Noturno

Hoje o dia acordou noturno,

A chuva que caia em peso,

Tonelada em meu peito ardia.

(São Paulo é linda depois da chuva,

Mas durante enche o saco, confesso.)

Eu respirava a contra vento

Em meu olho marasmo ia.

Existe algo no intervalo das gotas, algo que resta nos telhados e calhas,

No momento entre um gole e outro do vinho que finda.

Meu corpo nu ao pano branco, a janela aberta cantava em coral a sinfonia das gotas cinza.

Dois corpos e uma alma e meia. Lá se ia a noite transformar-se em dia.

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Um encontro entre dois passados

“Ele se punha ao banco próximo a bancada daquela padaria que se enchia de lembranças. Uma média e o pão de queijo como de costume, levou o copo a boca fechando os olhos.
Gosto de passado doce que assola a língua, e de sobressalto o passado se corporifica em um rosto geometricamente familiar. O outro a ser visto o reconheceu e sorriu. Nada foi dito ao final do olhar. Olhar que abraça, sorri e chora. Ele pagou a conta e foi embora.”
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“Eu ao pé da mesa largava minha mochila num baque grave. Era uma padaria daquelas modernas com sinetas eletrônicas pra chamar garçom. Costumava comer ali após o longo dia de trabalho.
Acho que só agora tomo a noção do baque forte provocado pela mochila pesada, aquele rosto memoravelmente familiar me olhava em interrogação. Era Antônio, ainda estava longilíneo e carregava uma ou duas rugas no canto dos olhos. Sentou em minha mesa e nas próximas 3 horas a conversa fluía como o rio que banhava nossos corpos de criança.”
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