As gotas escorrem em sinfonia lenta pela janela larga que ilumina a sala. São seis horas da manhã e meu corpo suado começa a perceber o frio que sem bater entrou.
Pesadelos instigam mais meu corpo do que corridas inteiras, a camiseta encharcada me questionava em harmonia com a chuva que tocava blues do lado de fora. Dancei na chuva enquanto dormia?
Ah que bom seria! Ter sido sonâmbulo nesse jogo de infância perdida, brincar na orquestra gotejante e transparente. Será que eu corria? Ou ficava à girar em círculos concêntricos? Deitei no chão? Cantei palavras de Gentileza em mi menor enquanto a nuvem baixa chorava leve?
Sobressaltado, duvidoso e molhado; este era meu retrato as seis frias horas de uma manhã chuvosa durante a primavera de 2011.