Foi sentado numa duna olhando o mar que eu entendi. Aquele sentimento que bate no peito toda a vez que meus olhos cruzam com a imensidão azul.
Gratidão, paz, acolhimento, pertencimento, etc. Entendo a fixação de Neruda pelo mar, seus joguetes de palavras, suas cadências em ondas, seu ritmo de remo em cada sentença.
Darwin presumiu que evoluímos, que num momento longínquo da história dividimos o mesmo útero com todos os outros seres, o oceano. Talvez seja por isso todos esses sentimentos que se resumem em clichês, esses momentos de inspiração, aquele conforto de dormir semi nu cercado de areia. Tamanha a segurança que sentimos diante dessa deusa com seu véu azul que estoura em conchas.
Mãe, rainha e criadora, obrigado pela vida que me deste e obrigado pelo dom de tecer palavras assim como aqueles pescadores que colhem em rede seus frutos.
Obrigado por dar-me o pão e a água.
Obrigado por me ensinar a fazer parte.
Obrigado por me deixar te amar.
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