Quem sabe o que é um poeta? Quem são? Onde vivem? Do que se alimentam? Como se proliferam? A gente não encontra essa resposta no Globo Repórter.
Pesa-me as mãos entre as teclas. Não escrevo a muito tempo, deixei minha voz calar na esperança de ignorar a verdade. Não escrevi sobre você, pois sabia que ao faze-lo descobriria seu distanciamento, por isso calei-me.
Meu poema pra mim é como a palma de uma mão, onde eu sou a cigana com calos, rugas profundas e cheiro de almíscar. Leio meu futuro e meu passado, entendo meu presente. Entre minhas estrofes sem ordem ou cadência eu me vejo no vagar dos dias. Por isso calei-me, por isso deixei meus dedos mudos nesse tempo em que ficamos juntos.
Via a distância dos teus olhos, e sentia tua dificuldade em se entregar pra mim. Também vi você lutar por mim quando a rainha já estava caída, você não gosta de perder.
Me conheço, sincero, entre meus versos, cada palavra que solto, escrevo, é uma pedaço de mim que sai.
Hoje acordei escrevendo sem medo os rascunhos que a muito guardei, minhas dúvidas não cessaram com meu silêncio. Então despi minhas verdades diante das teclas, e deixei fluir meu veneno. Espalhei minhas lágrimas trancadas e deixei a baba escorrer por entre meus lábios. Chorei.
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