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Dor

Fico feliz que você saiba o que é dor, pois dor como essa que a gente sente é difícil de superar, é como se alguém puxasse as suas entranhas e apertasse, mas não para por aí, passado um tempo, estas entranhas apertadas, são puxadas, esticadas e retorcidas.

Puxa-se com tanta força que sua garganta estica, seca, tornando impossível o som do grito. Suas lágrimas secam, nem tanto pelo esgotamento do choro, mas pela intensidade com que roem suas entranhas.

Te extirpam o ventre e as verdades, tudo exposto, ferida aberta. Suas vísceras espalhadas pelo chão, é assim que seres humanos quebram, não há cola no mundo que junto estes cacos além da nossa própria vontade. Ah! Como é difícil ter vontade.

Às vezes passam-se anos com os órgãos pra fora sendo carregados pelo chão como sacos, demasiadamente pesados para se carregar nas costas.

Talvez por um golpe do destino, talvez por uma gentileza qualquer do tempo você encontra essa vontade.

Colocar suas entranhas pra dentro, órgão por órgão, respirar finalmente com o pulmão no seu lugar. E só então ter forças para encaixar a última peça, seu coração, no lugar d’onde nunca deveria ter saído.

Nenhuma alma merece isso, mas ao mesmo tempo são tantas almas que sobreviveram a isso.

Nossos olhos ficam mais fundos.

A gente sobrevive, não sei bem como, mas a gente vive.

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