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Anansi do Brasil

 

Solano Trindade, homem, mestiço, negro, militante de sua causa, poeta por excelência, não era de se esperar que fosse o principal nome da literatura (poema) afro-brasileira.
Nasceu em Recife/Pernambuco, no dia 24 de Julho de 1908, filho de sapateiro e de quituteira, Solano vem de origem humilde, trabalha em diversas áreas, desde operário até escritor e poeta, completou um ano de desenho no Liceu de Artes e Ofício e lá pelos anos 40 muda-se para São Paulo, onde vive grande parte da sua vida, morre no Rio de Janeiro, em 1974.
Num País onde há tanto preconceito e racismo enrustidos em nossa cultura, onde os principais escritores negros da história escreviam e agiam como brancos, temos Solano Trindade, que defendia seu ser, que lutava pelo que acreditava, e como todos que assim fizeram, sofreu as consequências, mas não deixou de lutar. Fundador da Frente Negra Pernambucana e do Centro de Cultura Afro-brasileiro (1936) – entidades que tinham a finalidade de divulgar os intelectuais e artistas negros. Em São Paulo cria o TPB – Teatro Popular Brasileiro. Escreveu “Poemas de uma vida Simples” (1944) e “catares do meu povo” (1963).
Ele que ao meu olhar é um exemplo de que ainda vale a pena lutar pelo que se acredita, que quando se cai só nos resta levantar, faço algo que ainda não tinha feito aqui no Nome da Coisa, em forma de uma curta bibliografia mostrar um pouco do trabalho desse artista das palavras e da verdade.

 

TEM GENTE COM FOME – Solano Trindade

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Piiiiii

Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá

trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuuu.


Fontes:
– http://www.portalafro.com.br/literatura/solano/solano.htm
– http://pt.wikipedia.org/wiki/Solano_Trindade
– http://www.quilombhoje.com.br/solano/solanotrindade.htm

3 Comments

  1. interessante o poeta. é sempre bom conhecer novos nomes e esse eu não conhecia….

    e sua postagem saiu com várias coisinhas estranhas, uns códigos, sei lá…. proposital?

  2. Muito interessante, é bom ver que artistas “se mexiam” pra mudar alguma coisa no Brasil não só culturalmente, mas socialmente tbm.

    O que é mais estranho é que o Brasil é um país com uma população negra bem numerosa e ainda se tem o preconceito (enrustidamente). Ainda se tem muito o que lutar, preconceito racial não é de hoje.

  3. Gostei da “coisa” aqui!
    Valeu pela visita.
    Abraço.

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