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Momentos

A primeira vez que li “Paixão Segundo G.H.” de Clarice Lispector, foi a mais ou menos 3 anos atrás.


Era 26 de Dezembro de 2007, eu estava sentado em um café na rodoviária do Tiête. Eu esperava o ônibus que me levaria a Belo horizonte.

Lembro de tomar café enquanto abria pela primeira vez aquele livro, um presente do meu diretor e amigo, tamanha foi minha surpresa ao ouvir as teclas de um piano a tocar, e assim constatar que o som era real e não uma tradução da minha sinestesia. Uma mulher havia se sentado ao piano que só naquela hora pude perceber, fazia parte do cenário local.

Voltei a ler alimentado por aquela melodia e então; G.H. entra no quarto de sua antiga empregada, disposta a limpá-lo, a traduzi-lo, mas para sua surpresa o quarto estava lá, imaculado em sua neutralidade. Com essa cena em minha mente outra coisa me surpreendia. Nas migalhas da minha torta de palmito estava um passarinho a se alimentar… A poucos centímetros de mim. Convivia com minha presença com tamanha indiferença. Alimentava-se.

Excitado pelo momento quase mágico ao som do piano a ao ciscar do pássaro à minha frente, voltei a ler. E lendo eu tinha à esperança de que algo mais acontecesse. Algo que desafiasse a vil lógica dessa terra com nome de santo.

A voz no alto falante me despertava. A realidade era anunciada, o ônibus chegará. Oito horas depois e com o livro terminado eu desembarcava no verão abafado de Belo Horizonte.

3 Comments

  1. Ahh, dos livros que começamos em um estado e terminamos em um outro. As viagens… Os livros.
    Tudo tão metaforico e tão real ao mesmo tempo.

  2. no dia 15 vou pra bh…

    vamos ver como é que vai rolar pra mim de eu abrir um livro da bruxa no tietê…

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