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Cobre

Era uma tarde sem vento, as nuvens paradas pareciam algodão lá em cima. Buzinas, pássaros, motos e latidos. Fazia barulho, mas numa escala reduzida, como se todo o planeta tirasse um cochilo.

A dúvida pesava sua cabeça, não sabia ao certo para onde ir, o que fazer; estava parado em um tempo de espera e sua ansiedade o levava a loucura. Criava mundos e os destruí conforme esmagava o papel com suas mãos. As bolas, geometricamente imprecisas, cobriam agora boa parte do chão.

Queria ser um gênio, como aqueles que aos vinte e tantos faziam riquezas e renomes, aqueles que ganhavam prêmios sem, aparentemente, fazer esforço algum. Seus dedos corriam ligeiros a espera de uma aventura que não se constrói linearmente, mas só lhe restava o fino papel amassado.

Estava quente e o suor era inerente ao seu esforço físico. Sua pele tomava notas salinas, já estava sem camisas e com o pé nu a tocar no chão, mas mesmo assim seu corpo jorrava. O líquido que escorria por seus poros lhe dava um tom brilhante que ressaltava suas curvas e ângulos.

Silêncio. Frustrado se pós de pé em um pulo, tirou a única peça de roupa que o mantinha no mundo civilizado. Nu caminhou até o chuveiro e deixou que a água gelada caísse sob sua cabeça. Esperou que talvez aquela queda d’água também levasse seu medo, sua impaciência e por que não sua impotência, assim como levava o suor de seu corpo acobreado.
 

De pé e sem pressa se deixou banhar.

One Comment

  1. A impaciência e o desejo pela genialidade me apanham todos os dias… me deprimem todos os dias… atingirei a iluminação quando os esquecer em algum canto perigoso do mundo e seguir só. Tenho fé. 😉

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