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Mudança

Pôr do Sol em Porto Alegre
De uma forma ou de outra sempre buscamos a normalidade, o equilíbrio. Não uso o normal como antítese de diferente; entendo que mesmo nas diferenças existe o padrão de normalidade desejada, mas penso em como essa busca utópica nos afeta.

Não sei o motivo social ou antropológico dessa busca, talvez se assemelhe com o sentido da vida. A verdade é que nos bombardeiam com imagens e sons da felicidade ideal, nos ensinam que não somos como os outros animais porque pensamos, mas para mim nossa única vitória é termos a sorte de ter nascido com um polegar opositor.

Lembro que quando criança eu dizia ser um mutante, diferente de todos, oposto ao desejado. Esse sentimento de negação do próprio ser talvez seja a sensação menos compreendida por um adulto. Os grandes parecem não se lembrar de quando eram crianças e não queriam a própria história e sim outra qualquer.

Um humano adulto deveria poder reescrever sua própria história, mudar caso necessário ou desejado. É justamente este o “super poder” que toda criança secretamente deseja do adulto, poder mudar a própria realidade.

Mas fazer o que, se vivemos num mundo que abomina a dor? Que ao invés de aprender com esta força, simplesmente a ignora. Nem mesmo o mertiolate dói mais. Somos filhos de país carentes, filhos de uma nação desamparada, filhos do silêncio e do medo. Libertaram-nos das algemas, mas não nos disseram como andar.

Um elefante criado em cativeiro não precisa de cerca quando adulto.

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