Autor: Leco Vilela
Paira
Quando me olho no espelho e a dúvida paira pelos meus olhos e o reflexo turva com a minha respiração. Existe uma sombra do outro lado de mim, meu avesso, minhas loucuras.
Eu tenho caminhado cansado por entre as ruas, cantando alto aquelas músicas de chuva e bebendo vinho pra poder dormir. Minha alma inteira sem saber pra onde ir.
Minha palavra cala antes mesmo de existir. Estou seco de palavras e simplesmente, não sei pra onde ir.
Falta-me o ar.
Noite
Ele tinha barba rala e cabelo bagunçado, olhos verdes que pareciam acender como um farol durante as noites quentes de verão. Alguns pelos saltavam de seu peito e o caminho da felicidade findava em sua pica de 22 cm já dura.
Beijaram-se, lamberam-se, sugaram-se. Seus corpos se entrelaçavam e se moviam em uma dança forte e promíscua, passos aos moldes do diabo e com deus olhando entre os dedos. No enrolar e desenrolar dos corpos, a garota mostrava a eficácia de um fio-terra. O garoto urrava enquanto ela sugava seu pau com o dedo em seu rabo, ele involuntariamente rebolava.
A garota tingida de rosa e azul abriu a gaveta pega uma sinta caralho e vestiu. Ele não esperava por isso, mas o tesão naquela momento era tanto ou talvez fosse o vinho que tomaram e que começava a fazer efeito, pois sua única reação foi erguer as pernas em frango assado enquanto dizia um baixo, porém articulado, vem.
Ela lambuzou o cu dele de lubrificante, enquanto enfiava o dedo devagar na intenção de abrir caminho para sua pica de plástico. Pegou-lhe as pernas e meteu enquanto ele a olhava encantado e segurava o grito de dor na garganta. As estocadas começaram devagar e aos poucos já encontravam um ritmo forte e intenso, ele urrava sentindo algo que nunca pensou existir, seu pau estava duro latejava, as veias se erguiam e sua pele inteira arrepiada gorjeava.
À noite, o saxofone, o neon, a pica, o pau, o ritmo, os pelos, o cabelo curto, a lua tatuada, a barba, o deus, o diabo, os seios, os olhos, a cama, o mundo naquele momento gozava e urrava grave.
Beijaram-se úmidos e gozados recuperavam o fôlego enquanto os corpos já pediam mais.
Adam
Adam tinha o poder de me fazer sorrir, mesmo quando eu estava do outro lado da rua e distante cumprimentava-o enquanto ele tocava. Escocês e seu violino, ah! Vocês deviam de ouvir quanta alegria se transmitia e como o dedo dele corria, era contagiante, eufórico e eu simplesmente sorria.
Nunca disse isso àquele grande homem, de seus quase dois metros de altura, loiro, magro e de cabelo bagunçado. Adam, o violinista, não está mais por aqui, tomou outro rumo, foi para outro lugar. Deixando-me com a minha grande falha que foi nunca dizer a ele o quanto a sua música me fazia bem.
Conversamos muito uma noite dessas, moramos até mesmo sobre o mesmo teto algumas semanas, então eu escrevo isso e espero que um dia ele saiba que sua arte ainda reverbera em mim. Não sei se um dia ele lerá este texto, então só me basta acreditar no poder da palavra.
Your talent, your music, your art make something smile on me and for that I just can say thank you a lot.
Ir
Existem caminhos que não precisam ser traçados, mas isso só se aprende com o tempo, e é pelo tempo que outros devem aprender. Como diz um dos meus amores, até para ter calma, é preciso calma.
Tenho estado distante de todos em muitos sentidos, mas nunca estive tão perto de mim. O mundo ao meu redor dança e brinca na frente dos meus olhos e cabe a eu aceitar e entender aqueles encontros inesperados.
Existe algo de mágico na distância. Ela te bate, te maltrata, te sova… Mas te ensina, te fermenta e te transforma.
Não tenho mais medo da estrada.
*aos meus mais queridos e sinceros amigos.