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Autor: Leco Vilela

Terceira Lei de Newton e a Insignificância da vida humana

Que estranho é admitir a insignificância da nossa vida,
A existência mas marcante manter-se viva por menos de um século.
Lutamos para ser lembrados, pois a memória essa sim durável
Te permite esticar suas verdades para alguns milênios,
mas ainda assim sua existência finita já encontrou seu fim.

Carregamos tanto peso ao pensar em nossas vidas.
Traumas que tiram nosso fôlego.
Crises existências que tiram nosso sono.
Pra no final sermos apenas.
Animais autocentrados, irmãos brigados.

Ilusão achar que seus problemas tem o tamanho de uma explosão solar
Mentira achar que seus problemas tem o tamanho de um átomo
A gente é bicho estranho que atribui um tamanho aleatório
para todo obstáculo que aparece em nosso caminho,
Quando na verdade é isso, 
Somos nós mesmos que dizemos 
qual é o peso que vamos colocar nas costas

A vida não tem remédio
Por que não está doente
Ela não é torta
Por que nunca foi reta
Essa são as características desse breve espaço de tempo que estamos compartilhando
Não existe ninguém capaz de andar pela linha do seu destino
Linhas se cruzam para 
ensinar pontos contados de renda
Não é tesoura cega que seiva uma vida por insegurança boba

Caminha leva meu filho, pois
suas costas só doem porque você diz qual peso carregar
seus pés só doem porque você decide qual caminho tomar
sua vista só turva porque você decide pra onde olhar

Caminha leve meu filho, pois a vida é isso mesmo,
Um junta tudo ao mesmo tempo agora
Sem sentido e sem pressa de ir embora

Você só decide o próximo passo,
Fica esperto na terceira lei de Newton
e decide o próximo.

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Melodia

Me sinto tão quebrado que as vezes parado na brisa suave da grama que queima estalando bolhas de seiva explodindo no céu da minha boca enquanto nossos corpos se apertam, eu sinto um pedaço sendo colado no monte de cacos que a vida me deixou.

Sei que parece trágico e um tanto canceriano para um aquariano nato, mas é que meu vênus é em peixes e as vezes pequenos gestos já me deixando úmido, babando no céu da sua boca…

Quando eu tô contigo eu percebo como é lindo, nossas piscinas de energia se chocando em gravidade zero, explodindo silenciosamente e se espalhando lentamente, como naqueles filmes nostálgicos que falam sobre o espaço. 

Prosa é coisa rara, assim como essa tara que seu corpo teima em se esfregar com o meu. Beijo estalado, lábio molhado, você sorrindo de quatro.

Ah! Eu precisava correr pra escrever essa melodia enquanto meu rosto vazia covinha lembrando que seu corpo ainda está quente junto ao meu. Você me olhando sabendo que bateu, sabendo que eu só tô botando pra fora as coisas que geralmente tranco pra mim, sabendo que vai passar e eu sorrindo vou te olhar agradecido e fazendo o pedido pra isso que a gente tem ser vela de sete dias ou aquelas cumpridas que demoram vários dias, anos, décadas pra queimar. Pedir que nosso pé ficar sempre juntinho de baixo do edredom.

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Acredita em mim

Acreditar. No final das contas tudo é uma questão de acreditar.

São dias perdidos acreditando em uma pessoa, anos perdidos acreditando numa instituição, décadas perdidas acreditando em um único jeito de vivenciar a vida; um script a ser seguido.

Mas como acreditar numa estrutura estática quando tudo se prova mutável?

Cada segundo as coisas mudam, eu mudo, você muda, germina, brota.

Como olhar para uma nova história e acreditar novamente em algo que já falhou? Falhou pra mim e pra você. Será que falha é a palavra certa?

Eu acredito todos os dias que seu cheiro e sua pele me faz falta ao acordar. Eu acredito que seu olhar cruzando o meu na mesa de jantar faz meu coração bater mais forte.
Eu acredito a cada segundo que eu estou contigo que você é aquela pessoa, companheira de longa data, que veio pra ficar. Eu gosto disso.

Mas como acreditar num modelo? Numa estrutura? Que não só limita a nossa existência, como tem erros crassos na sua execução.

Eu fico rodando em círculos apenas pra te dizer que eu to em dúvida sobre a forma e não sobre o conteúdo do nosso amor.



Espero que você me entenda.

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Dor

Fico feliz que você saiba o que é dor, pois dor como essa que a gente sente é difícil de superar, é como se alguém puxasse as suas entranhas e apertasse, mas não para por aí, passado um tempo, estas entranhas apertadas, são puxadas, esticadas e retorcidas.

Puxa-se com tanta força que sua garganta estica, seca, tornando impossível o som do grito. Suas lágrimas secam, nem tanto pelo esgotamento do choro, mas pela intensidade com que roem suas entranhas.

Te extirpam o ventre e as verdades, tudo exposto, ferida aberta. Suas vísceras espalhadas pelo chão, é assim que seres humanos quebram, não há cola no mundo que junto estes cacos além da nossa própria vontade. Ah! Como é difícil ter vontade.

Às vezes passam-se anos com os órgãos pra fora sendo carregados pelo chão como sacos, demasiadamente pesados para se carregar nas costas.

Talvez por um golpe do destino, talvez por uma gentileza qualquer do tempo você encontra essa vontade.

Colocar suas entranhas pra dentro, órgão por órgão, respirar finalmente com o pulmão no seu lugar. E só então ter forças para encaixar a última peça, seu coração, no lugar d’onde nunca deveria ter saído.

Nenhuma alma merece isso, mas ao mesmo tempo são tantas almas que sobreviveram a isso.

Nossos olhos ficam mais fundos.

A gente sobrevive, não sei bem como, mas a gente vive.

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Refrigerante sob a toalha de mesa

Já imaginou que o fato de você ser desastrado pode ser na verdade um super poder? Imagina se aquele copo cheio d’água caindo sob a toalha de mesa nova tivesse caído apenas pelo fato de que o conteúdo do copo lhe faria mal.

Seu desajeitamento perante o mundo na verdade fosse um sistema de defesa que te protege da má sorte. E você sempre achando que sua má sorte era ter a mão de manteiga. E se não fosse azar? E se de acordo com o efeito borboleta aquele vaso de violeta que se partia em mil pedaços tornou possível que o estudo da antimatéria fosse concluído e o salto tecnológico acaba-se com todas as guerras? Tudo por que você é desastrado.

Seria mágico não seria? Cada refrigerante virado na mesa construísse em você uma tolerância ao erro e torna-se você mais empático aos defeitos dos outros. Que moldasse em você a certeza de que o não acertar é tão valioso e necessário para o seu desenvolvimento e que as vezes pequenos erros evitam grandes decepções num futuro próximo.

E se tudo aquilo que sempre te magoou, aquela história que sempre doeu, aquele trauma que nunca passou, for um dos elementos que ajudou a estruturar o ser humano que você é hoje?

Acho que mais copos seriam derrubados, mais vasos seriam quebrados e o erro não seria assim, tão de mau grado.

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