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Autor: Leco Vilela

Nosso Pé de Laranja Lima

De repente estamos todos de pé refletores nos rostos, aplausos ao redor, palavras de bom gosto, criticas construtivas, suor.
Termina-se o espetáculo e fica as consequências de um projeto de 3 ou 4 meses, um projeto áspero, um projeto duro pela sua simplicidade.
Fica a certeza de que perdemos a pureza e a inocência das coisas, fica a duvida do que ganhamos em troca, mas as coisas seguem assim, por um percurso louco e indefinido, “Estamos sempre antes” dizia um texto do D. Chico Chicote de “Hoje é dia de Maria – O Pesadelo”, diria que “estamos sempre durante” e seguimos assim sem saber o começo e o fim das coisas. Esse processo que foi no mínimo interessante, me causou várias reações, talvez eu tenha despertado de um sono acomodado, talvez eu tenha começado a ver as coisas de outra forma, talvez eu esteja me questionando mais e forçando minha saída dessa zona de conforto que me cerca, fico pensando no filme “Na Natureza Selvagem” até onde ele foi pra sair dessa zona. Ao mesmo passo me pergunto, sabendo a resposta, o que eu faria pra sair dessa zona de conforto? Diferente do filme que é uma busca externa, geográfica a minha luta, minha busca é interna e etéria. Essa fuga premeditada do que me é conhecido, quero o desconhecido, necessito do mar agitado batendo no peito, nunca fui um porto seguro, nunca quis um porto seguro, talvez tenha ficado aqui tempo de mais, a verdade é que me sinto cada vez mais cigano dentro de mim mesmo.
Seguimos assim então, andando todos de mãos dadas ou separadas ao final, com a certeza de que se batermos os calcanhares voltaremos aos nossos lares, mas fica a dúvida, a onde é o seu lar?
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Diário ou algo do tipo.

Diário Lunar, dia 21 de Junho de 2008, e começou mais um relato de Leonardo Silva e Silva.
Fazem exatamente 21 dias em que eu não escrevo coisa alguma nessa coisa, e agora me deparo com ilustres pensamentos performáticos, o que logo de cara me obriga a escrever. Coisas aparte, estréio semana que vem com a peça “Meu pé de Laranja Lima” com direção da Giseli Ramos. O texto do Sartre “Entre quatro paredes” está em processo, estamos descobrindo coisas maravilhosas, maneiras interessantes de como contar essa história, dirigi-los está sendo um passo muito interessante nesse aspecto. Peças aparte, existem alguns blogs que eu frequento e que realmente me influenciam muito, na minha escrita e na minha concepção de algumas coisa, um deles é o do Velho Marujo, vulgo René (Brincadeiras a parte), gosto das coisas que ele escreve, de como ele expõe as coisas. Sem contar as aulas de história do teatro que as vezes ele dá, através do blog, o que suprime uma certa carência que eu tenho sobre o assunto. O Curta Erebo que eu gravei já está no youtube, então dêem uma olhada, por que está legal e a idéia é boa.
Bom o titulo logo já diz então não se sinta desprovido de conhecimento, isso é um texto inconciso e indigesto, coisas soltas, aleatórias, então se cansar de ler na metade do caminho ou de não entender patavinas, fecha a janela do blog ou leia mais tarde, afinal ler é um arte… Até mesmo ler essa coisa aqui.

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Ele se chamava Daniel

Ele se chamava Daniel. Logo que nasceu, sua mãe trocou de alma com ele, deixando um marido e mais dois filhos. Seu pai era militar, tinha nome de militar, José era o nome dele. Os irmãos Antonio e Miguel eram um caso à parte. Tinham um sobrenome tipicamente brasileiro, da Silva. Viveu durante nove anos num regime militar, logicamente dentro de um quartel. Exatamente no seu aniversário de nove anos seu pai resolveu se aposentar e se mudar. E foi ali, numa vila tradicional de São Paulo, que ele viu aquilo pela primeira vez; ele já tinha visto fuzis, revólveres, metralhadoras, bazucas, mas aquilo nunca.
“Tinha formato humano, mas em miniatura, algumas lãs pareciam formar uma espécie de cabelo, aquilo que talvez fossem os olhos eu conhecia, botões de camisa, estampava um sorriso magnético com buchechas rosadas, usava uns trapos como vestimenta, aquilo eu já tinha visto, as filhas dos generais usavam aquilo, pra ser sincero os trapos e os vestidos eram bem parecidos”.
Era uma boneca, algo comum, mas que não fazia parte da sua realidade. Talvez por isso lhe chamou tanta atenção. Curioso como sempre, nem esperou pra pegar aquilo. Naqueles nove anos ele imaginava que tinha sido a pior idéia que ele já teve na vida.
“Uma semana depois da boneca, meu corpo ainda doía, eu ainda tinha marcas no meu corpo, mas papai sabia muito bem como deixar marcas sem que os outros vissem. Diria mais, aqueles olhos sem brilhos… o que ele fez comigo não deve ter sido nem um terço do que ele era capaz, por isso no fundo eu me sinto grato ao papai”.
José já era capitão há muito tempo, Miguel e Antonio pareciam idolatrar a carreira militar do pai. Miguel tinha dezessete, estava prestes e ansioso para entrar no exército, Antonio tinha catorze, capitão de tiro ao alvo júnior e o melhor no “polícia e ladrão”. Ele, Daniel, com os seus nove anos, sabia atirar e carregar uma arma tão rápido quanto Miguel e corria como o vento. Esses foram os brinquedos desses irmãos. Essa foi a infância deles. Moravam numa pequena vila no bairro da penha em São Paulo.
* “Ele se chamava Daniel” – Post Esbolço – Texto de Leco Vilela.
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Como Nossos Pais

Século 15 surge o Antropocentrismo, o homem no centro do universo, o homem no meio de tudo.
Que o homem é o ser mais egoísta do mundo todos sabemos, afinal de contas, só começaram a prestar atenção na natureza a partir do momento que uma onda gigante esmagou um pais.
Atualmente se discuti muito o Biocentrismo, afinal de contas se o homem está no meio de tudo, tudo está no meio dele! Nós não somos um ser a parte do que nos cerca, somos parte dele, não somos diferentes, somos animais, somos classificados em gênero e espécie como eles, só que vamos além, nos desfragmentamos ainda mais. Bio [vida] – centrimos [ centro], então seria algo como a vida no centro de tudo,uma idéia de que todos os seres vivos e não só a humanidade tem importância, é de se pensar que daqui a alguns séculos essa idéia seja derrubada por algo mais útil pra sociedade futura, que essa idéia de biocentrismo seja um termo e uma visão ultrapassada da vida, assim como vem acontecendo com o antropocentrismo que até pouco tempo atrás ainda era vigente em nossa sociedade. Somos extremamente ligados ao passado as coisas que nos cercam, pra ser sincero reverenciamos o passado. Termos como “os bons tempos do rock” te lembra alguma coisa? Chamamos os antigos de clássicos e os novos de lixo de mercado, mas de repente passam-se 20 anos e aquele lixo de mercado é celebrado como algo fantástico, um brinde a vida; e os novos? …ignorados, cultivamos as coisas que vimos e vivemos na nossa infância e adolescência, esquecemos que como Elis Regina canta “…O novo sempre vem…” mesmo não sendo de sua autoria ela demonstra com total clareza a nossa sociedade que cultiva o passado e despreza o futuro, ainda vivemos em cavernas com medo das sombras, muitos ainda acreditam piamente no antropocentrismo. Renovação [d]e consciência é tudo que peço, afinal de contas é de se esperar que algum dia as pessoas pensem um pouco alem do momento que viveram. Esquecemos os termos por um estante, vamos deixar pra lá o culto a linguagem correta e a termos difíceis que no fim não nos interessam, só nos faz parece mais inteligentes, vamos olhar isso como um TODO, o que você vê? Eu vejo corpos andando sem motivações, vejo pessoas sendo o que fazem e não o que são, vejo num canto pessoas lutando por lutas a muito perdidas porque se prendem numa estratégia antiga de se manifestar… eu olha pra tudo e só vejo o passado, o conforto de que ninguém quer sair.
Então vamos ao novo, vamos sair da nossa zona de conforto, vamos aceitar esse novo que tá chegando, que já chegou, vamos estudar um pouco sobre o biocentrismo ou ecocentrismo, vamos alem do que o mundo espera de nós, sejamos menos prepotentes achando que o mundo é nosso, que o passado é a única coisa que você tem, solte tudo ou solte pelo menos o que der, experimente novas coisas, novos sabores, novas músicas. Falando nisso alguém aqui já ouviu Tetine?…
*Foto de Alexandre Orion (trabalho com metabiótica).
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Juno

E meu feriado foi salvo, com o grande desempenho desse filme e da ex-stripper que foi a roteirista desse filme delicioso.
Tá o filme recebeu ótimas criticas e tudo aquilo, mas mesmo se não tivesse recebido, é um filme que vale a pena se assistido.
“Tudo começa em uma cadeira” e assim começa o filme, não é só mais um filme que fala de adolescentes grávidas, não é mais um filme sobre uma vida do subúrbio americano. O jeito como a história flui é incrível, o humor inenarrável de Juno dentro de uma situação complicada, o ótimo elenco, entre muitas outras coisas que contribuem para o bom andamento do filme, sem contar a trilha sonora. É uma grande descoberta na real, não posso deixar de lembrar da frase que ilustra o final do filme, “As pessoas normalmente se apaixonam antes de reproduzir, mas acho que isso não faz muito o nosso estilo”, pensar dessa forma é algo intrigante, se perceber no espaço e no meio de nove meses de gestação você se descobrir apaixonada pelo pai da criança. Eu sou suspeito pra falar, adoro gravidez, adoro bebes, muito provavelmente porque eu não tenho chance de engravidar, mas isso não altera o fato de que fico besta com isso, então só imagina o estado que eu fiquei com esse filme. Juno se mostra tão madura na decisão dela e isso é bom, acho que vale a pena a população parar de ver a adolescência como um poço de inutilidades e burrices que se propagam. Maturidade é a palavra chave, mas sem perder a gosto de ter 16 anos e poder chutar o balde sem as pessoas acharem que você é louco, afinal você tem 16 anos, deve estar revoltado. Outro lado positivo é a maneira com a qual os pais de Juno lidam com a situação, é algo bom de se ver ainda mais num mundo onde você é expulso de casa por dar o cú ou algo do tipo.
Enfim vale a pena assistir e se deliciar, se divertir e na hora do parto “thundercats, GO!”, afinal pra quem mora em São Paulo com esse tempo a melhor coisa é assistir um filme em baixo das cobertas e pra quem não mora, assistir um filme é sempre bom. “E tudo termina numa cadeira.”
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