São três e trinta e sete da manhã. Noite quente de verão, na rua passa dos 30 graus. Acordei a pouco devido ao calor, minha mente não conseguiu aliviar a tensão e se permitir cair nas graças do inconsciente.
Categoria: Coisa
O Banho
Ele entrou pela porta do banheiro com ar cansado, suado do stress do dia. Largou as roupas no chão e se olhou no espelho, olheiras escuras lhe davam um ar de derrota, seu pau balançava pesado por entre as pernas, nem ele se animava.
Ligou o chuveiro e o deixou esquentar enquanto mijava um jato forte de urina amarelada. Dias pesados, pensou. Deu descarga e reparou no calor do chuveiro aumentar, vapor branco que se espalha no ar.
Entrando no box, seu corpo acostumava-se com a temperatura da água, a deixava escorrer entre os cachos e ofegava com a satisfação proporcionada. Sua pele sorria a cada gota que a percorria, uma espécie de orgasmo tátil.
Ele gostava de como a espuma se formava entre seus pelos, achava graça nas pequenas bolhas de sabão que o cobriam. Espuma grossa e um sorriso. Cansaço indo.
Lavava o pau como quem levava as mãos, com um caráter habitual e simples, puxava a pele e ensaboava tudo, gostava de ver a pequena cachoeira que se formava no final dos seus pentelhos.
Enxaguava o corpo a procura de outro orgasmo ao deixar a água correr sem pressa.
Ao se enxugar a aspereza da toalha lhe causa uma leve excitação, mas continuava o ritual de limpeza como se aquela circulação entre suas pernas fosse algo corriqueiro. Enrolou a toalha em sua cintura e passando a mão no espelho embaçado viu seu reflexo.
Seu corpo de cor de canela estava arrepiado, sorria enquanto escovava os dentes. Terminará o momento, voltou a pensar na vida.
* Imagem por Alyssa Monks.
Leave a CommentEsquizofrenia
Os pelos da sua perna arrepiavam conforme a brisa chegava, e quando abria os olhos via a copa das árvores balançando com ele. Gostava de se sentir assim, integrado com algo maior.
O Sol percorreu seu caminho e aquele homem se mantinha parado na mesma posição, abrindo e fechando os olhos em longas pausas. Era tudo o que ele poderia querer encontrar paz dentro dos seus delírios.
Ele ouvia vozes que não eram dele, tantas vozes que tornava impossível ouvir a própria respiração, mas neste ritual ele se encontrava. Era como se os sons voassem com o vento.
Para longe. Bem longe.
Sou
Sou aquele que te entrega a rosa, mas nunca recebe.
Sou aquele que assim como outros milhares, apenas fornece o pão.
Sou aquele que quando o pau falha tem a identidade roubada.
Sou aquele que sempre precisa estar ereto, mesmo quando não tenho vontade. Sou o mágico ser que está sempre pronto para te atender nos seus anseios e desejos, mesmo quando eu não tenho vontade. Sou o ser que só goza, mesmo quando eu não tenho vontade.
Eu sou um homem que como outros homens, fui limitado. Você veste minhas roupas enquanto eu só posso ficar nu.
Sou o sexo forte, que supostamente deveria arcar com a vida de uma família, mesmo ainda sendo um menino. Sou o forte que viu milhares de iguais morrerem nas trincheiras. Sou aquele que diante da morte deve entalar as lágrimas e cavar a fossa.
Sou a pessoa que há 2013 anos está presa a convenções que me incitam a digladiar. Sou aquele que é medido por números, posses e centímetros. Sou apenas um velho rico, um garanhão jovem e uma conta corrente ativa.
Sou eu que mesmo sofrendo com a vida que levo, devo engolir o choro e nunca!… NUNCA! Mostrar-me frágil, correndo o risco de ser exposto ao ridículo julgamento social e ser tomado como fraco, não importa quantos leões eu tenha matado.
Sou pai, filho, avó, primo, tio, estranho, homem do saco, palhaço, bandido, marido, neto, padrinho, afilhado, sobrinho, puto, vadio, viado e bicho.
Carrego na minha garganta o sinal da minha maldição, osso do meu antepassado, que pra não ficar sozinho, cedeu até uma costela.
Sou o deus de uma sociedade hipócrita, que não aguenta mais os espinhos.
A Folha