Por Leco Vilela |
Categoria: Crises
Canibalismo
O Elevador
Ela, presa em cinco metros quadrados. O escuro e seis vultos de ombros largos. Então, como quem esperava pela dor, ela recebe o amor. Um beijo que lhe rodou a cabeça e lhe deixou as pastas caírem no chão.
Seu coração acelerado a fazia tremer levemente, mas no escuro ninguém se denunciava, nem mesmo seu tremor. Uma vida seca era exposta a cada segundo que ela permanecia presa ali. Paredes de metais não são naturais, pensava. Quanto tempo pudera viver assim? Quem secretamente lhe desejava? E por que de repente se sentia diante do liquido viscoso de uma barata como em seu livro favorito?
A dúvida, de repente só isso existia. Cinco metros quadrados se transformaram em centímetros quadrados. Sufocava. E como se seu peito abrisse e se enchesse de ar a luz se acendeu. A porta se abriu. Seis homens saíram. E ela, pois ao chão recolhendo os papeis caídos como Terezinha a espera de quem lhe de a mão.
Crises
Crises, financeiras, emocionais, psicoterápicas, existenciais, com o cabelo, de moda, dos 30, dos 40, dos 60, estéricas, de rinite, bronquite, ite, ite, ite… Crises de identidade, de energia, arquitetonicas, de temperatura, asmáticas, de criatividade, dramática, dramatúrgicas, de memória, de um relacionamento… Crises infinitas que se múltiplicam no vacoo e são transmitidas a todos nós…
… Escrever por si só já é um ato de crise, não que ler não seja é claro.
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