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Categoria: Desabafo

Era uma casa muito engraçada


 
São fantasmas que vagam por entre minhas paredes, eu renovada, mas antiga. Muito já se passou em mim, mas hoje vivem os espectros que são visíveis pelas frestas das portas.

Imprudências, assédios, tristezas e angústias. Alegrias também aconteceram aqui, mas depois de um tempo os tijolos pesam tanto que eu sedimento. São demônios incrustados entre as camadas de tinta que me renovaram.

Existem vazamentos e lutas homéricas contra as pragas. Sou um edifício aberto, com uma luz agradável e uma brisa leve, mas os anos me consomem e embora permaneça estética minha origem se esconde entre constantes reformas.

Ouço fantasmas, seus passos e seus gemidos. Seres que transam estupidamente entre minhas paredes e ignoram minha sólida existência. Beijos trocados com outro por aqueles que usavam meus espelhos para aprender o toque dos lábios.

Às vezes avarandar, outras vezes demolir.
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Coisas

Foto André Medeiros Martins
Existem coisas que me dão uma noção vaga de sentido na vida.

O sabor que toma a boca, o suco da fruta que escorre pelo queixo, o cheiro do seu corpo nos meus dedos, o sol que entra pela janela de manhã, as estrelas pintadas no céu, a chuva que avisa antes de cair e a brisa que me toca quando menos espero.

São coisas singelas, eu sei, mas são coisas, minhas coisas, coisas que me fazem bem.

Como acordar no meio da noite e perceber que, mesmo separados, você encontrou um jeito de quedar-se entre meus braços sem me despertar.

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