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Categoria: Sem categoria

Atrás da multifacetada Catedral da Sé a calçada larga abriga ícones da história paulista.
O antigo terminal virou floricultura enquanto o sebo do Messias e seu samba chuvoso convidam aqueles que andam sem pressa a conhecer seu aroma próprio de livros com páginas amarelas.
A matriarca Santa Tereza que já passou pelas suas plásticas, mantém a classe de um tempo de outrora. O café negro pelando no shot expresso solta um gosto de república Café com Leite.
Escrevo sentado neste balcão que já abrigou tantas histórias, na minha frente um senhor com seus cabelos prateados alinhados toma sua taça de vinho rubro. Prefiro o clássico as nove horas da manhã, um pão na chapa de acariciar o céu da boca e uma boa média nada requentada. E nesse jogo de criar mundo com palavras Adoniram Barbosa se faz presente enquanto a caneta escorre pelo papel sem pauta.
Essa cidade expressa tem seus encantos para quem se rende a dança de passos lentos nas calçadas largas da paulicéia. Óculos escuros e bolsa nos ombros, me permito o baile entre Art Noveau, flores e concreto, lado a lado com o passado entre os espaços vazios que o centro me oferece na sombra dos gigantes de pedra com mil olhos vidrados.
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Uma carta de adeus

Meus dedos correm ligeiros e varam a madrugada adentro, infligindo notas e barulhos suspirados pelas ninfas da noite escura.
O descompasso leve dos teus passos e os abraços que me finda de surpresa. Calado. Vejo e te percebo alado sem tocar o chão. Tua boca vermelha e saliente a uivar pra lua como um lobo que se diverti em bando.
Meu dedilhar se confunde com um piano e a cada letra perdida em nosso vocabulário uma nota se expressa (Sol, Si bemol, Mi, Fa sustenido e Ré menor). Enquanto obedientemente me acabo em verbos, você dança com ar de criança.
Palavras inteiras e artigos definidos. Posto ali um pequeno texto que fala de si. A cada frase seguida de vírgula, o menino corre para abraçar a se balançar nas árvores. Lá vai ele atravessar o Porto.
Adeus meu menino.
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Gotas em Mi Menor

As gotas escorrem em sinfonia lenta pela janela larga que ilumina a sala. São seis horas da manhã e meu corpo suado começa a perceber o frio que sem bater entrou.
Pesadelos instigam mais meu corpo do que corridas inteiras, a camiseta encharcada me questionava em harmonia com a chuva que tocava blues do lado de fora. Dancei na chuva enquanto dormia?
Ah que bom seria! Ter sido sonâmbulo nesse jogo de infância perdida, brincar na orquestra gotejante e transparente. Será que eu corria? Ou ficava à girar em círculos concêntricos? Deitei no chão? Cantei palavras de Gentileza em mi menor enquanto a nuvem baixa chorava leve?
Sobressaltado, duvidoso e molhado; este era meu retrato as seis frias horas de uma manhã chuvosa durante a primavera de 2011.
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FormulAções

Lembra de quando tudo se resolvia quando PI era só 3,14 e não o barulho que invade as orelhas perturbando o sono?
A raizdas coisas era quadrada e tinha seu valor concreto e não era o caminho do trauma que te rasga o peito.
Matriz de números reais não se diluíam nas colunas dos seus sentimentos.
O x³ era só uma multiplicação tripla de si e não a sala cúbica que te prende.
∂ era energia e não a perda de energia. A Vm era influenciada pela distância e não só pelo tempo como nos dias de hoje.
Δ Era uma variável e não aquele que te magoou.
Está é a nossa matemágica do mundo comtemporâneo. Onde poucas coisas fazem sentido e o ∞ é só um 8 que cansou de ficar em pé.

Poços de Caldas – MG
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Bailarina

 Lembra aquele dia
Em que comprei um livro naquela banca vazia?

Deitado na sua cama lia
Enquanto massagem no meu pé fazia

Lembro do seu olhar entre minhas coxas
E o sol que batia em retângulo nas mobílias
Soando ao fundo risadas e fumaças

No computador as linhas de áudio que não entendia
Entre as minhas folhas o diálogo que não compreendia

À noite como nós dois
Ia
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