Categoria: Vida
Um sábado qualquer…
07 de Março de 2014
Já faz quatro meses que eu estou desempregado, o primeiro mês foi sabático, necessário depois de trabalhar um ano inteiro em dois empregos para conseguir me arrumar em uma nova cidade.
Os outros três não foram por minha escolha. O duro de ficar tanto tempo em silencio, profissionalmente, é que você começa a questionar suas próprias habilidades laborais. Definitivamente somos nossos piores inimigos.
Depois de um tempo você começa a pensar em formas criativas de conseguir dinheiro, como vender qualquer coisa vegana nos eventos públicos de Porto Alegre. (risos). A verdade é que você ficar desesperado, não só pelas contas que sempre chegam o que todos nós sabemos, mas pelo marasmo do seu dia.
Escrever, sair pra fotografar, cozinhar, correr, você começa a ocupar seu tempo e quando percebe você não está com vontade de fazer nada daquilo, você só quer que a chuva passe e o emprego apareça.
Tenho 26 anos, já trabalhei com eventos, teatros, bares, agências, televisões, revistas e por ai vai e mesmo assim ainda me sinto um iniciante quando tenho que procurar um novo emprego. Alias, já inventaram um cargo em que sua experiência de vida paga bem? Se sim, eu to querendo! Por que se tem uma coisa que eu posso garantir é que eu sou rodado nessa vida, não tanto quanto eu gostaria, mas tenho minhas histórias pra contar.
Obrigado por me ouvir mais uma vez, meu querido Diário, eu estava precisando disso.
Entre cores e contrastes
Eu costumava terminar coisas antes mesmo de começa-las, amores, filmes, livros. Devorador inquietante. Vivia entre muros concretos buscando a não dor. A ausência do sofrer. Pasmem, mas pessoas que muito sofreram tendem a não querer sofrer mais. E nesse esconde-esconde de mim mesmo fui percebendo que ao fugir do sofrer eu me privava de vida. Autoflagelação. Ao fugir da dor eu mesmo a aplicava na veia.Primeiro eu mudei de muro, fui pra longe, pra muros novos. Depois comecei a derrubá-los aos poucos e deixando a luz entrar e banhar meus olhos.
Resumindo a ópera, o próprio caminho do rompimento com a parede dura causou lesões, cicatrizes que viraram sabedoria. Vida e tempo, amantes perfeitos quando se tem paciência. Vivi e estou vivendo.
Mesmo sabendo que o amanhã não será doce, escolhi aproveitar o amor que me vê nos olhos. Existe um certo peso em ler as linhas que ninguém vê. Assumi pra mim as cores, que aos poucos tocam minha pele nua na manhã de um novo dia.
Noites
Existem noites em que quero escrever pra ti, mas não consigo, não é que não te ame ou não te deseje. Reverso disso. Te quero tanto que algo me impede de te entender.
Um escritor perde noites escrevendo para entender o mundo e a si mesmo, é como um cego que para ver requer o tato. Escrever é um processo antropofágico.
Talvez por isso seja tão difícil preencher as linhas quando ao decorrer da noite você rouba meu edredom e sorri ainda dormindo. Pronto fui fisgado, virei menino.
Esse meu jeito torto de querer bem. Talvez seja meu ‘Vênus em Peixes’ que freneticamente canta que o amor é um robô gigante! Ou talvez sejam os doces nomes pelo que você me chama.
A verdade é que existem momentos que eu prefiro guardar na mente ao invés do caderno. Momentos só meus.
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