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Categoria: Vida

Prece

E se um dia você acordasse e todos seus sonhos fossem verdades?
E se um dia você acordasse e todos seus sonhos fossem mentiras?
E se um dia você acordasse e todos seus sonhos fossem sonhos?
E se um dia você não acordasse?
 
Ao norte vontade 
Ao sul realidade.
A cabeça segue equilibrando o desejo e a veracidade.
 
Meu mundo não cabe aqui.
 
Sou esmagado pelo meus anseios
Sinto o tempo desacelerar.
 
Tempo é o que mais tenho e mesmo assim não freio
Talho meu caminho a força, desencadeio
Tempo, falta um tanto ainda… Eu sei.
 
Então entre cortinas vejo a vida
E percebo o mundo girar
Enquanto eu corro
Eu não saiu do lugar.
 
Preciso aprender a caminhar lado a lado com o mundo
Preciso aprender a caminhar lado a lado
Preciso aprender a caminhar de lado
Preciso aprender a caminhar
Preciso aprender
Preciso.
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Um sábado qualquer…

Hoje acordei meio zonzo. Na verdade acho que ainda estava dormindo, meus olhos colados provocavam meu tato em busca do celular, o mundo gritava enquanto eu dormia, mas eu não acordava.
 
Tentando me encontrar no meio de tantas ocorrências uma janela se abre, minha visão se organiza em focos. Bom dia, dizia ela. Me chamava para tomar café em sua companhia. Eram sete da manhã de um sábado frio, mas ensolarado.
 
Vesti-me de forma a ficar bonito pra ela, era um jeito bobo e simples de presenteá-la pelo convite para o café matutino, caminhei pelas ruas vazias e molhadas pelo orvalho. Corpos destacavam-se e bamboleavam pelas calçadas do centro. Cachorros alvoroçados pulavam. Ela estava para no jardim, olhei pra ela xingando-a com um sorriso no rosto. Braços se entrelaçaram.
 
Comemos, tomamos, conversamos, rimos e enquanto tantos dormiam nossas vozes rasgavam o silêncio calma da manhã. A cidade despertava aos poucos, como se enrolasse na cama ainda tentando dormir. Nós rimos.
 
Numa das esquinas do centro nos despedimos, caminhei pelas ruas ainda molhadas pelo orvalho, organizei a casa, acendi um incenso e pela primeira vez a muito tempo me senti pleno de mim.
* Imagem por Leco Vilela.
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07 de Março de 2014

Querido Diário,

Já faz quatro meses que eu estou desempregado, o primeiro mês foi sabático, necessário depois de trabalhar um ano inteiro em dois empregos para conseguir me arrumar em uma nova cidade.

Os outros três não foram por minha escolha. O duro de ficar tanto tempo em silencio, profissionalmente, é que você começa a questionar suas próprias habilidades laborais. Definitivamente somos nossos piores inimigos.

Depois de um tempo você começa a pensar em formas criativas de conseguir dinheiro, como vender qualquer coisa vegana nos eventos públicos de Porto Alegre. (risos). A verdade é que você ficar desesperado, não só pelas contas que sempre chegam o que todos nós sabemos, mas pelo marasmo do seu dia.

Escrever, sair pra fotografar, cozinhar, correr, você começa a ocupar seu tempo e quando percebe você não está com vontade de fazer nada daquilo, você só quer que a chuva passe e o emprego apareça.

Tenho 26 anos, já trabalhei com eventos, teatros, bares, agências, televisões, revistas e por ai vai e mesmo assim ainda me sinto um iniciante quando tenho que procurar um novo emprego. Alias, já inventaram um cargo em que sua experiência de vida paga bem? Se sim, eu to querendo! Por que se tem uma coisa que eu posso garantir é que eu sou rodado nessa vida, não tanto quanto eu gostaria, mas tenho minhas histórias pra contar.

Obrigado por me ouvir mais uma vez, meu querido Diário, eu estava precisando disso.

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Entre cores e contrastes

Houve um tempo em que em minha inocência eu levava tudo em preto e branco, dicotomia simples e direta. Assim levava minha vida, objetividade dura. Sem nuance e sem profundidade na trama, corria pra que o tempo de amanhã chegasse antes do final de hoje.

Eu costumava terminar coisas antes mesmo de começa-las, amores, filmes, livros. Devorador inquietante. Vivia entre muros concretos buscando a não dor. A ausência do sofrer. Pasmem, mas pessoas que muito sofreram tendem a não querer sofrer mais. E nesse esconde-esconde de mim mesmo fui percebendo que ao fugir do sofrer eu me privava de vida. Autoflagelação. Ao fugir da dor eu mesmo a aplicava na veia.Primeiro eu mudei de muro, fui pra longe, pra muros novos. Depois comecei a derrubá-los aos poucos e deixando a luz entrar e banhar meus olhos.

Quando acostumados com a dureza do preto e branco, os olhos doem ao ver a luz.

 

Resumindo a ópera, o próprio caminho do rompimento com a parede dura causou lesões, cicatrizes que viraram sabedoria. Vida e tempo, amantes perfeitos quando se tem paciência. Vivi e estou vivendo.

Mesmo sabendo que o amanhã não será doce, escolhi aproveitar o amor que me vê nos olhos. Existe um certo peso em ler as linhas que ninguém vê. Assumi pra mim as cores, que aos poucos tocam minha pele nua na manhã de um novo dia.

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Noites

Existem noites em que quero escrever pra ti, mas não consigo, não é que não te ame ou não te deseje. Reverso disso. Te quero tanto que algo me impede de te entender.

Um escritor perde noites escrevendo para entender o mundo e a si mesmo, é como um cego que para ver requer o tato. Escrever é um processo antropofágico.

Talvez por isso seja tão difícil preencher as linhas quando ao decorrer da noite você rouba meu edredom e sorri ainda dormindo. Pronto fui fisgado, virei menino.

Esse meu jeito torto de querer bem. Talvez seja meu ‘Vênus em Peixes’ que freneticamente canta que o amor é um robô gigante! Ou talvez sejam os doces nomes pelo que você me chama.

A verdade é que existem momentos que eu prefiro guardar na mente ao invés do caderno. Momentos só meus.

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