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Categoria: Vida

O Discodante

O post de hoje será dedicado ao Dia Mundial de Combate a AIDS
 
“Homem, mulher, gay, lésbica, hetero, bi e travesti, não importam as siglas. Ela não escolhe barraco ou residência, cor ou tendência e quem dirá credo ou prepotência.

Imprudência não é amar, imprudência é negar a existência. A sua existência. O caminho mais rápido para um fim é assumir o silêncio que cada célula do seu corpo grita. Imprudência não pode ser amar.

Nesse conto de fadas moderno o vilão é interno e imortal. A espada mágica não existe e Merlin se perdeu no tempo. O que fazer com os devaneios de uma vida? Nossa queda é eminente, a diferença é que nesse grande tabuleiro sua rainha está em cheque.

O dia segue e a noite chega. Veste sua armadura pra poder amar sem medo. Sem receio do veneno que escorre do teu corpo. Desarmado não temo o beijo. Ser discordante nesse caso é opção. Confiança de que meu corpo para você continue imaculado. Nossa troca de sentimentos não envolve seus fluídos, as partes eternas que não se unirão sobre o abraço vigiado dela. Ela existe, assim como a fruta mordida do seu passado. Sua saliva ácida queima minha pele e mesmo assim te quero. Bomba relógio. BOOM
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“… nem por falta, nem por excesso…”

Gosto do som que vibra das cordas do violão, do sol que bate no rosto, do suco de uva que cai pelo queixo. Gosto do samba que estava tocando, da vitrola que estava rodando.

Do cheiro de grama molhada e das costas suadas. De nós dois brincando na poça d’água, da guerra de lama naquela tarde aguada. Da rede abraçados enquanto ventava. Da sua voz a cantar aquela música inventada.
E quando a noite chegava e o fogão estalava, o cigarro verde queimava. Frida Kahlo, Gael Garcia, Marisa Monte e eu fugindo das aranhas que brincavam em teias em cima da cama.

Eu tinha medo e você sabia, mas mesmo assim faziamos sons com a boca enquanto nos beijavamos. E ao som dessa orquestra desastrada, dançavamos.

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Assim que os pássaros cantarem

Os olhos se abrem. Vejo através da cortina esvoaçante os raios do sol que penetravam meu quarto. A primavera toma força e enfim os pássaros cantam para me despertar, assim como quando eu era criança e despertava na cama de minha avó.
Nessa lembrança um cheiro familiar de café me toma as narinas. Esperança e incredulidade. Levanto de um salto e escuto o tilintar das panelas no fogo. A porta do quarto está fechada exatamente como quando minha avó se levantava mais cedo. Ela fechava a porta para não me despertar. Os pássaros, o cheiro do café, a porta fechada e o dia que se fazia sábado.
A noite tinha sido quente e meu corpo ainda suado não parava de produzir o néctar. Da testa minavam gotas de algum sentimento sem nome. Era preciso abrir a porta, mas a que preço… Abrir e descobrir que ela não está mais lá ou não abrir e por em dúvida a minha sanidade por uma vida inteira. Respiro.
Esse ensaio sobre a sanidade fez minha testa em cascata, as gotas escorriam pelo peito que subia e descia como em um tango, devido ao ar que só agora eu percebia existir. A porta à minha frente, sem perceber a mão posta sobre a maçaneta gira.
Andei, andei sem ver mais nada, só parei ao chegar à porta da cozinha. Por um momento o choque, o susto. Suas costas nuas também suavam, a samba canção folgada salientava as curvas pélvicas que tanto me hipnotizavam, ele estava lá, em pé na frente do fogão. Ela se fora.
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Como Nossos Pais

Século 15 surge o Antropocentrismo, o homem no centro do universo, o homem no meio de tudo.
Que o homem é o ser mais egoísta do mundo todos sabemos, afinal de contas, só começaram a prestar atenção na natureza a partir do momento que uma onda gigante esmagou um pais.
Atualmente se discuti muito o Biocentrismo, afinal de contas se o homem está no meio de tudo, tudo está no meio dele! Nós não somos um ser a parte do que nos cerca, somos parte dele, não somos diferentes, somos animais, somos classificados em gênero e espécie como eles, só que vamos além, nos desfragmentamos ainda mais. Bio [vida] – centrimos [ centro], então seria algo como a vida no centro de tudo,uma idéia de que todos os seres vivos e não só a humanidade tem importância, é de se pensar que daqui a alguns séculos essa idéia seja derrubada por algo mais útil pra sociedade futura, que essa idéia de biocentrismo seja um termo e uma visão ultrapassada da vida, assim como vem acontecendo com o antropocentrismo que até pouco tempo atrás ainda era vigente em nossa sociedade. Somos extremamente ligados ao passado as coisas que nos cercam, pra ser sincero reverenciamos o passado. Termos como “os bons tempos do rock” te lembra alguma coisa? Chamamos os antigos de clássicos e os novos de lixo de mercado, mas de repente passam-se 20 anos e aquele lixo de mercado é celebrado como algo fantástico, um brinde a vida; e os novos? …ignorados, cultivamos as coisas que vimos e vivemos na nossa infância e adolescência, esquecemos que como Elis Regina canta “…O novo sempre vem…” mesmo não sendo de sua autoria ela demonstra com total clareza a nossa sociedade que cultiva o passado e despreza o futuro, ainda vivemos em cavernas com medo das sombras, muitos ainda acreditam piamente no antropocentrismo. Renovação [d]e consciência é tudo que peço, afinal de contas é de se esperar que algum dia as pessoas pensem um pouco alem do momento que viveram. Esquecemos os termos por um estante, vamos deixar pra lá o culto a linguagem correta e a termos difíceis que no fim não nos interessam, só nos faz parece mais inteligentes, vamos olhar isso como um TODO, o que você vê? Eu vejo corpos andando sem motivações, vejo pessoas sendo o que fazem e não o que são, vejo num canto pessoas lutando por lutas a muito perdidas porque se prendem numa estratégia antiga de se manifestar… eu olha pra tudo e só vejo o passado, o conforto de que ninguém quer sair.
Então vamos ao novo, vamos sair da nossa zona de conforto, vamos aceitar esse novo que tá chegando, que já chegou, vamos estudar um pouco sobre o biocentrismo ou ecocentrismo, vamos alem do que o mundo espera de nós, sejamos menos prepotentes achando que o mundo é nosso, que o passado é a única coisa que você tem, solte tudo ou solte pelo menos o que der, experimente novas coisas, novos sabores, novas músicas. Falando nisso alguém aqui já ouviu Tetine?…
*Foto de Alexandre Orion (trabalho com metabiótica).
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