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Nome da Coisa Posts

Faces da Liberdade

Foto de Marcelo Souza Almeida
 
Tenho ouvido batalhas, protestos, conflitos e gritos. Tenho visto o povo gritando e se agitando. Percebo a fúria de uma população que se acostumou ao silêncio. Uma panela de pressão pronta para espalhar feijão no teto.
Penso nos motivos e nos discursos, não se trata de liberdades coletivas, mas de liberdades individuais. O povo se agita e grita, pois cansou de negar a si em prol de um coletivo nuclear, que é atribuído de um sentido mágico de segurança.
Nas ruas eles clamam pela liberdade do próprio corpo, de se mostrarem como são por dentro, pela própria libido que lhes foi comprada. Pessoas morrem em nome de suas próprias vontades que são oprimidas por um aparato social precário e antiquado.
Direito ao útero, ao sexo, ao gênero, ao livre pensamento, ao amor livre. Apelos simples de almas que não querem ser regidas pelos pecados de outros.
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Quase carioca

Desenho de Luiz Porta

O ar comprimido pela maresia alta da maravilhosa cidade lhe causa vertigens.

Tinha os cabelos enrolados como ninho de pássaros, enquanto que seus olhos verdes se pareciam com o mar que se permite abraçar pela Baia de Guanabara.

Uma noite no Leme e outra na Lapa, seus lábios finos e ligeiros a narrar histórias. Era uma pele morena que mesmo estrangeira combinava com a atmosfera carioca.

Era em um bar da Lapa que estávamos escondidos entre Seixas e outros tantos Rauls. Nós bebemos a uma noite finita, sem necessidade de findar-se.
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Jogos não fazem sentido

Posso até ficar calado e fingir que não te quero, e dessa maneira tosca te conquistar pra mim, mas não me peça pra ocultar tais verdades dos meus olhos, pois assim não sou capaz de mentir.

 

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Coxas

Prefiro te ver com o sol entrando pela janela do quarto, do que te ver como um sonho efêmero. Prefiro seu cheiro no travesseiro do lado, do que achar você em outros braços. Prefiro ser o beija-flor, que volta todo o dia pra te beijar os lábios.

A verdade é que entre tantas cartas de amor desesperadas, me vejo a te querer de forma simples e te querendo nos mínimos detalhes te libertar pra mim. Quero te dizer coisas leves e olhar em teus olhos doces. Quero o peso da sua mão na coxa.
Algumas coisas só cabem ao amor literário, que encorpado e forte como um vinho, quente e ardente como a vela na mesa de centro, te vira os olhos enquanto a noite cai.
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Cabe o silêncio a certas coisas. É como tirar o pó dos móveis imóveis na sala de estar. Calado e atento eliminando cada milímetro de poeira que se esconde por de baixo das estatuetas.
Esse ritual lento de limpar as coisas é um reflexo da nossa necessidade de vida. É necessário levantarmos os órgãos para tirar o pó que se guarda por de baixo deles. O mundo me parece surpreso com detalhes que não se escondem em segredos, mas sim em atos corriqueiros que passam despercebidos.
A vida tem seus momentos confusos e conturbados, existem dores imaginárias que se mostram como flechas vermelhas que atravessam o estômago da gente. Existe algo que ainda dói, embora ainda não saiba bem o que ou onde essa poeira de dor se esconde.
Se limpa até mesmo embaixo das unhas. Um dia esse pó há de sair, nem que seja após cada molécula se tornar novamente pó.
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