Skip to content

Nome da Coisa Posts

Uma carta para o ano que vem.

Existem pessoas e situações que te gritam cheque. Estes fazem movimento na vida, a essência sutil e tênue da vida. Penso em alternativas que impeçam o mate.

Ralamos muito ao longo das nossas vidas, vidas consumidas em anos. Anos que voam muito nos dias de hoje, dizem os jornais, mas acho que sempre foi assim. Estes anos sempre passaram rápidos, nós é que dávamos menos valor a isso.

Quando você começa a perceber as folhas caindo como em um outono acobreado, você se percebe maduro e amadurecendo. Como uma boa garrafa de vinho é necessário tempo para ficar pronta e completar um brunt sofisticado, seguido de uma textura cheia de personalidade. O mundo é governado por sábios.

Evoluir, se tornar melhor, viver… Não é uma questão de ser bom ou mal, de fazer é coisa certa. Não sei se as nuvens no céu tem este preço de benevolências, mas penso no quão fantástico um ser humano pode se tornar. Deixar sua marca no mundo não é fácil, minha avó não lançou livro, filmes, receitas. Mas meu mundo se encontra repleto de suas marcas e histórias.

São essas as peças que contam, passei por muita coisa assim como a todos durante este 2011 e gostaria de aprender ainda mais o valor do silêncio. Namastê.

Liniers Macanudo
1 Comment

Chuva Ácida

Ainda me pego a pensar na chuva que cai firme no chão. Existe uma variante quântica na forma como as gotas tocam meu rosto marcado por ângulos fortes.

Não sei ao certo o tamanho da mágoa que se acumula em meu peito, mas sei que boa parte se foi com correnteza que verteu das ladeiras asfaltadas. Em sonetos ácidos minha vida se resume e se expande. Desafio a física a cada respiro.

Louco, poeta e artista. Eis me aqui a contemplar o choroso céu se esvaindo no verão de pedra que só essa terra já batizada de garoa proporciona.

Rios que se enchem de desespero, cachoeiras que quedam com os sonhos de pau-a-pique e papelão. Vivo numa tangente que consome homens inteiros, reduzindo-os a um choro que rasga a pele suja.

Lá se vai mais uma vez a chuva e com ela tudo que lhe cabe levar. Aos excessos que escorrem pela sarjeta áspera da capital.
1 Comment

Rascunho

A luz azul que entra pela janela sobe pelos seus calcanhares iluminando suas costas nuas. No seu rosto resta a penumbra azulada que não te incomoda o sono.
Entre as rápidas dedilhados no teclado procuro te desenhar em letras que te comportem a margem. Rabisco, risco e apago esse rascunho de situação impensada. Fotografo-te nas minhas sentenças loucas e te transformo em devaneio leve, em sonho que encanta os olhos.
Piano e voz ao fundo, a guitarra jogada no quarto e você ai deitado permitindo meu dibujo textual, sem ao menos perceber que te dispo a cada palavra.
Seu colo branco me recebendo vivo, seu silêncio mudo a me olhar nos olhos, copos espalhados e o cinzeiro cheio. Visto-me sem fazer barulho e saiu te deixando seu rascunho pendurado.
Leave a Comment

Atrás da multifacetada Catedral da Sé a calçada larga abriga ícones da história paulista.
O antigo terminal virou floricultura enquanto o sebo do Messias e seu samba chuvoso convidam aqueles que andam sem pressa a conhecer seu aroma próprio de livros com páginas amarelas.
A matriarca Santa Tereza que já passou pelas suas plásticas, mantém a classe de um tempo de outrora. O café negro pelando no shot expresso solta um gosto de república Café com Leite.
Escrevo sentado neste balcão que já abrigou tantas histórias, na minha frente um senhor com seus cabelos prateados alinhados toma sua taça de vinho rubro. Prefiro o clássico as nove horas da manhã, um pão na chapa de acariciar o céu da boca e uma boa média nada requentada. E nesse jogo de criar mundo com palavras Adoniram Barbosa se faz presente enquanto a caneta escorre pelo papel sem pauta.
Essa cidade expressa tem seus encantos para quem se rende a dança de passos lentos nas calçadas largas da paulicéia. Óculos escuros e bolsa nos ombros, me permito o baile entre Art Noveau, flores e concreto, lado a lado com o passado entre os espaços vazios que o centro me oferece na sombra dos gigantes de pedra com mil olhos vidrados.
Leave a Comment

Uma carta de adeus

Meus dedos correm ligeiros e varam a madrugada adentro, infligindo notas e barulhos suspirados pelas ninfas da noite escura.
O descompasso leve dos teus passos e os abraços que me finda de surpresa. Calado. Vejo e te percebo alado sem tocar o chão. Tua boca vermelha e saliente a uivar pra lua como um lobo que se diverti em bando.
Meu dedilhar se confunde com um piano e a cada letra perdida em nosso vocabulário uma nota se expressa (Sol, Si bemol, Mi, Fa sustenido e Ré menor). Enquanto obedientemente me acabo em verbos, você dança com ar de criança.
Palavras inteiras e artigos definidos. Posto ali um pequeno texto que fala de si. A cada frase seguida de vírgula, o menino corre para abraçar a se balançar nas árvores. Lá vai ele atravessar o Porto.
Adeus meu menino.
Leave a Comment