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Categoria: Amor

Entre cores e contrastes

Houve um tempo em que em minha inocência eu levava tudo em preto e branco, dicotomia simples e direta. Assim levava minha vida, objetividade dura. Sem nuance e sem profundidade na trama, corria pra que o tempo de amanhã chegasse antes do final de hoje.

Eu costumava terminar coisas antes mesmo de começa-las, amores, filmes, livros. Devorador inquietante. Vivia entre muros concretos buscando a não dor. A ausência do sofrer. Pasmem, mas pessoas que muito sofreram tendem a não querer sofrer mais. E nesse esconde-esconde de mim mesmo fui percebendo que ao fugir do sofrer eu me privava de vida. Autoflagelação. Ao fugir da dor eu mesmo a aplicava na veia.Primeiro eu mudei de muro, fui pra longe, pra muros novos. Depois comecei a derrubá-los aos poucos e deixando a luz entrar e banhar meus olhos.

Quando acostumados com a dureza do preto e branco, os olhos doem ao ver a luz.

 

Resumindo a ópera, o próprio caminho do rompimento com a parede dura causou lesões, cicatrizes que viraram sabedoria. Vida e tempo, amantes perfeitos quando se tem paciência. Vivi e estou vivendo.

Mesmo sabendo que o amanhã não será doce, escolhi aproveitar o amor que me vê nos olhos. Existe um certo peso em ler as linhas que ninguém vê. Assumi pra mim as cores, que aos poucos tocam minha pele nua na manhã de um novo dia.

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Noites

Existem noites em que quero escrever pra ti, mas não consigo, não é que não te ame ou não te deseje. Reverso disso. Te quero tanto que algo me impede de te entender.

Um escritor perde noites escrevendo para entender o mundo e a si mesmo, é como um cego que para ver requer o tato. Escrever é um processo antropofágico.

Talvez por isso seja tão difícil preencher as linhas quando ao decorrer da noite você rouba meu edredom e sorri ainda dormindo. Pronto fui fisgado, virei menino.

Esse meu jeito torto de querer bem. Talvez seja meu ‘Vênus em Peixes’ que freneticamente canta que o amor é um robô gigante! Ou talvez sejam os doces nomes pelo que você me chama.

A verdade é que existem momentos que eu prefiro guardar na mente ao invés do caderno. Momentos só meus.

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Notas de um diário

Querido diário,

Hoje eu acordei e me dei conta de que amar é mais complicado do que se parece, mas mesmo assim Sartre faz sentido quando diz que é possível amar mais de uma coisa ao mesmo tempo, mas o que torna isso um ‘amor verdadeiro’ é acordar todos os dias desejando estar com aquele amor, mesmo continuando amando os outros.

Então eu penso que amo, amo tantas coisas que por momentos eu acordo e não sei mais o que eu amo mais, mas sei que com o tempo eu percebi que às vezes você abre a mão de um amor para vivenciar outro. Isso não torna o antigo amor menos amado, ou menos importante. É uma questão de vida, de escolha mesmo, minha escolha.
Sendo assim a minha vida é responsabilidade inteiramente minha. Sou eu que escolho todos os dias pra onde ir, o que fazer, quem ser… O que amar. E é por isso que eu disse que amar é mais complicado do que se parece. Sei lá, você entende o tamanho desse poder?
Eu já abandonei alguns amores. Eu já fiquei completamente perdido, sem saber a qual amor dar atenção e me desesperei, mas eu também já fiquei assim de novo e me senti bem. Dessa segunda vez era como se eu soubesse que estava tudo bem em não saber para onde se vai.
Nesse dia eu parei de forçar as coisas, fechei os olhos, respirei fundo e assumi meu estado de perdido. Hoje eu sei qual amor seguir, um amor que eu conheci na infância, quando eu tinha menos de oito anos de idade. Parece besteira, mas lembrar daquele dia tem me trazido momentos de uma nostalgia boa, e tem me feito lutar, trabalhar, ralar mesmo; para conseguir estar com esse amor novamente.
Não se ama só pessoas, se ama coisas, estados, lugares, comidas, etc.
Ama-se por completo.
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Miopia


Ficava parado olhando pela janela as pessoas passarem.

Via corpos nômades e buscava um traço comum aos meus olhos.

… Te esperava.

Tinha o hábito de insistir, não importa muito em que, mas sempre fui de insistir. Por isso, passei tanto tempo impondo meus desejos e lutando para faze-los realidade. 

Talvez tenha me acostumado a ser assim, insistindo em você.

Via em você algo que eu queria tatuado em mim.

Miopia é uma anormalidade que só permite ver os objetos a pequena distância do olho.

Acho que meu olho aprendeu a te ver por aqui.
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Boceta

Sob o silêncio minha cabeça se afunda entre suas coxas enquanto minha saliva hidrata cada pétala da sua boceta. Você arqueia as costas e geme baixo mordendo os lábios. Com certeza seus olhos fechados, brilham.

Estamos jogados na cama desarrumada e minha língua sobe até seus seios fazendo círculos concêntricos envolta do seu mamilo arrebitado. Peito que cabe inteiro na boca. Dedo-te enquanto subo para seu pescoço que pulsa a cada respiração.  O ar entra fácil, assim como meus dedos.

Eu aqui puxando seu cabelo pra trás. Enquanto você me olha com esses olhos entreabertos, eu estou tocando bossa nova entre seus pentelhos. Toco meu lábio na sua orelha e sussurro, vadia, você sorri entre gemidos.

Lambo meu dedo úmido, cuspo no meu pau e te como entre nossas roupas amassadas, papeis espalhados e ideias rascunhadas.

Gosto de ouvir o seu suspiro, de ver o seu sorriso e de sentir você vibrar quando eu estou dentro de você.

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