Eu por Regina Vilela |
Abri os olhos, o ar entrou em meu pulmão, expandindo minha caixa torácica me dando uma sensação de rompimento forte, chorei. Desde que com a garganta narrei minha primeira dor, como quem já soubesse o caminho cortei o cordão que nos ligava instintivamente. Cresci e com isso vieram as mudanças, e com elas mais cortes em cordões que me ligavam a grande árvore da minha história.
De repente, o processo virou hábito, cortava sem ao menos perguntar por que, sem necessidade de um motivo, cortava como se aquele fosse um movimento de inércia que nunca findava, me sentia como Eduard com suas lâminas afiadas e frias. A cada corte um galho caia, uma história se ia, uma lembrança partia.
Foi cortando impetuosamente minhas linhas e meus cordões que me vi pelado em meio a floresta que se fazia noite ao meu lado. Ao redor os restos de uma história em cacos. Quando dei por mim o quebra cabeça estava feita aos meus pés.
Minha cabeça em silêncio gritava: “Aquele que sempre soube usar a tesoura, agora terá que aprender a usar a cola”.
Não gosto de colar. Sei lá, faz meleca, não fica bom… talvez eu devesse aprender também!!!