Eu por Regina Vilela |
Cresci entre sons opostos e paisagens diversas, enquanto numa vitrola Joplin cantava as injustiças de uma vida, na outra o lamento do fado de minha avó tocava. Nem dois passos eu dava e lá estava os acordes de uma guitarra a se misturar com o som da cuíca.
Lembro de olhar entre as grades brancas do portão enferrujado a bateria da Nenê que descia aos domingos. Recordo ainda do cheiro de peru, da letria na mesa de natal, da calda que escorria do manjar e do bordo do vinho a contornar a taça em movimento.
Recordo da água com açúcar, do beija-flor, das violetas, da hortelã que nascia ao pé do limoeiro e do barulho da máquina fotográfica mudando o frame.
Foi exatamente toda essa oposição, toda essa lacuna, que me fez assim, meio passado / meio futuro.
Eu recordo de tantas coisas de criança tb, me identifiquei com a calda do manjar da minha mãe…hehe.
Belo texto!
Texto com tom poético. Muito bom. Parabéns.
Que lindo!
Parabéns!