Categoria: Coisa
Cartola
foto Isaias Mattos |
Presto atenção, mesmo sabendo que estou resolvido, pois em cada esquina é possível se perder. Talvez seja a forma desse mundo moinho me mostrar que sonhos só se transformam em realidade após muita luta, caso ao contrário essas ilusões são reduzidas a pó.
Só espero não deixar de crer no amor, pois com o tempo só se herda o cinismo, até que se percebe em um abismo, que cavastes com os próprios pés.
*Um tributo a Cartola.
Curvas
Anseio pela viagem e pelo desconhecido. Acho incrível a capacidade de algumas pessoas de saírem de suas casas com uma mochila, um bom sapato e muita coragem. Não vejo esse tipo de viajante em mim. Nunca foi de acampar ou de pegar caronas na estrada, mas isso não diminui o valor do caminho.
Muitos falam que a estrada é solitária, li isso em muitos livros também, mas a verdade é que a estrada recebe a todos que nela pisam. Claro que receber não é zelar, a estrada não pode se preocupar com o suor da sua testa ou o calo do seu pé. Nela você aprende mais sobre você, não só limites, mas também sentimentos e dor.
Nós passamos muito tempo fugindo da dor, nos dopamos na esperança que ela desapareça, mas no fim das contas, ela continua lá, a gente que vai aprendendo a ignorar. Dizem que isso faz de você alguém mais forte. Eu ainda acho que forte é quem encara a dor nos olhos, resolve as coisas e sai andando. Sei que isso pode ser mal interpretado e encarado como falta de educação, mas pense bem, educação de quem? Quem te ensinou a ignorar a dor?
A estrada não é feita de caminhos fáceis, talvez por isso ela me fascina tanto. Afinal nunca fui normal e sinceramente, nesse meu quarto de século, considero isso um elogio.
Qual o propósito da estrada? Ela é uma imagem densa, sem dúvida, um signo forte de liberdade, força e rompimento. É como a esfinge de Tebas, é necessário decifrar ou se deixar devorar.
A estrada não se trata de uma fuga, se trata de um adeus.
O manifesto da cidade grande
Chuva
Aaron Kawai (sekushy) |
Sei que quem me conhece e lê o Nome da Coisa dirá que é mentira, pois já me viram arrancar tantos sorrisos, mas isso é por que de fato fazer outra pessoa sorrir é algo mágico pra mim e eu gosto quando vejo a boca se horizontalizar, isso me faz bem.
Teve uma vez que eu quebrei um vaso de cimento, que minha avó cultivava umas plantas, com a cabeça de uma prima minha. Ela chorava. Eu sem pensar duas vezes me joguei da escada mais próxima e ela riu. A verdade é que eu sempre soube cair, talvez seja meu corpo acostumado a ser roliço, então fazer aquilo, embora parecesse loucura, era algo simples para mim. Ela gargalhava.
Quando eu olho para o meu passado eu percebo que já me joguei muitas vezes dessa escada a fim de fazer alguém sorrir.
Existe um poema sobre um palhaço que ao se despir vai explicando sobre as tristezas e fraquezas por detrás do nariz vermelho. Identifico-me.
Sou triste sim, mas sou feliz também, acredite, coexisto bem nesse espaço dramático. Gosto de músicas sobre as desilusões da vida, da estética depressiva do cinema francês ou ainda dos lamentos das canções de marinheiro.
A verdade é que eu sempre fui assim, um cara estranho, que mesmo triste, sorri.