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Nome da Coisa Posts

Grupo Contato

Dança e Expressão Corporal from reinaldogarciadesouza on Vimeo.

Na manhã de ontem, dia 22 de Outubro de  2010, o metrô vazio me levava para o ensaio, sempre aberto, do Grupo Contato.

O grupo de dança faz parte do projeto cidadãos cantantes, que além de participar da luta antimanicomial está a mais de 10 anos batalhando pela manutenção da saúde mental e a ocupação de toda a população para com a cidade. O ensaio acontece todas as sextas-feiras das 10h às 13h, na Sala Vitrine da Galeria Olido e engana-se quem pensa que irá lá só para assistir, na dúvida leve sua roupa folgada e junte-se a eles na dança.

E foi exatamente isso que me aconteceu. Ao chegar à Galeria Olido o coração já bati forte e a saudade de tantas pessoas queridas que à muito não via, vieram a tona. Abro a porta de vidro e o abraço caloroso de todos os integrantes do grupo me acolhe. Conversa vai conversa vem, fomos para a dança. Através da dança e da expressão corporal e utilizando a linguagem de contato improvisação, o grupo cria o espaço para suas discussões sociais com o próprio corpo.

E é com esses 10 anos de história que o Grupo Contato embarca em menos de um mês para a Argentina, para participar do Congresso de Saúde Mental e Direitos Humanos, com a apresentação do espetáculo “O Individuo e o Coletivo e seus Desdobramentos” – Que no fim do ano estréia aqui em São Paulo. 

 
Grupo é coordenado por Tatiana Bichara, Doutorando em Psicologia Social sobre o trabalho que o grupo realiza.
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Momentos

A primeira vez que li “Paixão Segundo G.H.” de Clarice Lispector, foi a mais ou menos 3 anos atrás.


Era 26 de Dezembro de 2007, eu estava sentado em um café na rodoviária do Tiête. Eu esperava o ônibus que me levaria a Belo horizonte.

Lembro de tomar café enquanto abria pela primeira vez aquele livro, um presente do meu diretor e amigo, tamanha foi minha surpresa ao ouvir as teclas de um piano a tocar, e assim constatar que o som era real e não uma tradução da minha sinestesia. Uma mulher havia se sentado ao piano que só naquela hora pude perceber, fazia parte do cenário local.

Voltei a ler alimentado por aquela melodia e então; G.H. entra no quarto de sua antiga empregada, disposta a limpá-lo, a traduzi-lo, mas para sua surpresa o quarto estava lá, imaculado em sua neutralidade. Com essa cena em minha mente outra coisa me surpreendia. Nas migalhas da minha torta de palmito estava um passarinho a se alimentar… A poucos centímetros de mim. Convivia com minha presença com tamanha indiferença. Alimentava-se.

Excitado pelo momento quase mágico ao som do piano a ao ciscar do pássaro à minha frente, voltei a ler. E lendo eu tinha à esperança de que algo mais acontecesse. Algo que desafiasse a vil lógica dessa terra com nome de santo.

A voz no alto falante me despertava. A realidade era anunciada, o ônibus chegará. Oito horas depois e com o livro terminado eu desembarcava no verão abafado de Belo Horizonte.

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20 centímetros

Como ser uma travesti com narcolepsia, um pênis de 20 cm e uma garota de programa que quer mudar de sexo?

Só aproveitando os momentos de sono devido a narcolepsia para sonhar que é uma grande estrela de musicais. Pois é exatamente com essa arma e com esses dilemas que o enredo do filme “20 centímetros” de Ramon Salazar prende o espectador.

E como a vida nunca é um pirulito de caramelo, Marieta, a personagem principal da trama, se apaixona por Adolfo, que trabalha no mercado da cidade de Madrid. A surpresa vem quando o affair é correspondido, Marieta tenta esconder seu sexo, mas é justamente por seu instrumento de 20 cm que o nosso galã se apaixona. E assim a mesa está posta, a dúvida sobre mudar de sexo ou não, o melhor amigo anão preso e a vizinha que está fugindo para o Brasil, tudo isso entre suas injeções de hormônios.

Um filme leve e engraçado que expõe a vida de uma parte da população pouco explorada. Com uma fotografia simples variando entre os momentos de realidade e sonho o filme conquista também pelo seu enredo e trilha sonora. Destaque para a versão de “I Want To Break Free” no final do filme.

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Suicídio Poético

É assim que o filme “Os Famoso e os Duendes da Morte” chega até mim. Um tema delicado sendo tratado de uma forma leve e poética. Cria-se assim a ponte de ferro, sua profundidade se acentua a cada passagem do filme.

Com uma fotografia inspirada fortemente pelo cinema internacional. Conta com uma trilha sonora natural, onde as cigarras predominam e a contraponto as diversas músicas de Bob Dylan que ‘ilustram’ o longa metragem.

Baseado no Livro “Música para Quando as Luzes de Apagam” de Ismael Caneppele e dirigido por Esmir Filho, diretor do famoso “Tapa na Pantera”. É sem dúvida uma boa indicação pra quem gosta de música, fotografia, poesia e silêncio.
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Cenicitas

Com uma carta de Frederico Garcia Lorca para Salvador Dali o filme se inicia. Apesar de se passar na época de ascenção do surrealismo e o estouro da Guerra Civil Espanhola, o filme adota uma fotografia impressionista, primando pelo jogo de luz no arquétipo, seja esse o corpo dos atores, seja esse o cenário milimétricamente calculado.

Abordando a suposta relação amorosa entre Lorca e Dali, o filme trás um retrato de um movimento que eclodiu por toda Europa. A presença do cineasta Luis Buñuel, parece credibilizar a narração do filme, que toma por personagens seres reais que serviram como ícones de uma revolução não só política como sociocultural.

Com uma trilha sonora marcante e forte, como só poderia se esperar de um filme que remonta as entranhas da Espanha. O Filme é rodado em sua grande parte em Barcelona e é um projeto co-produzido entre o Reino Unido e Espanha.

Impressões


Após entrar em contato com esse filme, que até então é encarado de forma ficcional, me pego a pensar nas obras de Lorca por mim conhecidas. Um texto que sempre me alcançou de forma monocromática, ganha novas nuances. Ao pensar em Dali como fonte de inspiração do poeta e dramaturgo.

Talvez então, a força de seus textos, estejam justamente na cultura que Lorca tanto preservava, talvez essa força, que até então me fugia aos olhos, esteja em sua língua natal, em seu doce vinho espanhol.

“uma vida sem limites” – como menciona Dali no filme.

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