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Autor: Leco Vilela

Contrafilé*

Rolos, sprays, colagens, caos urbano, protestos pela imagem, intervenção urbana, coisas que acontecem nas paredes de uma cidade caótica, mas não vemos.
Expressar a sua opinião por imagens em paredes públicas por muitos é considerado crime contra o patrimônio, mas qual será o o patrimônio real? O graffiti ou o grafiteiro?
Dizem que temos liberdade de expressão, mas se é assim por que não podemos nos expressar na rua? Numa coisa que é supostamente pública, mas quando acontece na prática é interditada. Até ai isso não é mistério para ninguém, mas mesmo assim são poucos os que procuram fazer alguma coisa, fazer a diferença, temos casos onde os grafiteiros passam para o outro lado da parede, saem da rua e entram nas galerias e começam a ganhar dinheiro, porque assim é o sistema, ele nos repele, não conseguindo tenta nos absorver e muitos são absorvidos, assim como tentaram com Banski na Inglaterra, conhecido por fazer intervenções em grandes museus, e com muitos outros artistas. Intervenção urbana vai alem de graffitis, pichações e colagens, existem várias formas de se intervir e ocupar um espaço que é seu, seja com teatro de rua, seja contando histórias numa praça, ou dançando em praça pública, todos esses espaços são nossos e devemos ocupa-los, transformar nossas vidas e a de mais quem for possível, é muito fácil colar sticks na R. Augusta, reduto alternativo da cidade de São Paulo e pronto se achar “contra-alguma coisa”, mas pensando em níveis de intervenção, o quanto isso aplicaria? quantas pessoas prestariam atenção num lugar onde há mais sticks do que pessoas? Você não precisa ser identificado pelo seu desenho pra mostrar sua opinião, faça isso perto da sua casa, na praça da sua região, invente alguma coisa, piche ou grafite a sua parede, conte a sua história, mas faça, não fica a mercê de uma segunda alienação onde todos pensam ser [des]alienados.
A questão é pura e simples, você pode fazer a diferença e não estamos falando de clichêzinhos de televisão, estamos falando de uma realidade que nós chama a todo instante e mesmo assim ignoramos, dizem que nos adaptamos muito fácil a coisas, principalmente as ruins, o homem criou a roda e ao invés de evoluir o seu invento para que as irregularidades da pista não o atrapalha-se, preferiu regular a pista. Então tá na hora, você não acha?

* Titulo em homenagens ao trabalho das meninas e menino do coletivo contrafilé.

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Você prefere de 4 ou de lado?

“Yes, yes, Fuck me, FUCK ME!”, essa talvez seja a frase mais popular da pornografia.
Mas se a pornografia é algo marginalizado, tanto pela maioria quanto pela minoria, por que essa frase é tão conhecida?
Verdade seja dita o Brasil é um pais com falso pudor, sempre foi, enquanto em suas músicas esbanjava sensualidade, libertinagem e liberdade sexual o reflexo sexual é totalmente oposto; as pessoas acreditam que a pornografia denigre a imagem do ser humano pelo simples fato de que não aceitam seu sexo, ainda tratam-o como algo animal. As principais criticas vem das mulheres, perceba que diferente da mulher o homem estimula seu cérebro por uma questão visual, enquanto a mulher é estimulada pelo tato, por isso a maioria das mulheres não sente prazer em filmes pornos, e não entendem como os homens gostam tanto e põem a culpa na “sacanagem” que acreditam existir em toda mente masculina, mas é óbvio abominamos tudo que não entendemos. Com isso caímos em outro dogma, masturbação, a arte de conhecer seu corpo, desde que a casa virou o campo de concentração onde o homem manda e a mulher obedece, a mulher foi oprimida, tanto culturalmente quanto sexualmente, tendo sua sexualidade limitada e muitas vezes psicologicamente castrada, isso colabora para o imposição de um moralismo fraco e machista. Voltando ao cenário porno, temos grandes artistas como Bruce Laburce que usa o porno como uma forma de (contra) cultura, para tornar visível problemas sócio-culturais da nossa sociedade e do cenário “underground”.
Querendo ou não a pornografia é uma forma de mídia, marginalizada por motivos sem fundamentos, que não a moral e os bons costumes.

* Referência a titula de música da banda, Nerds Attack!

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Veja!

O Nome da Coisa nasceu, para ser um zine virtual coletivo, acabou se tornando um espaço, em termos pessoal, afinal divido minhas opiniões com os leitores. A principal função da Coisa era falar livremente sobre diversos assuntos e confesso que na maioria das vezes acabo escrevendo o que me da na telha, sem pretensões de assuntos diversificados.
Pois é as vezes me sinto aquela mulher do “Sex in the City”, falando sobre amores, sexo, vida, absorventes, enfim toda uma vida na metrópole, que para muitos se torna fantasia. Quem é capaz de acreditar que nesse mundo cinzento, bate inúmeros corações sedentos de esperança de algo mágico, algo que desafia suas lógicas e mostre que ainda se pode sonhar.
Nos últimos tempos, conheci muitas coisas que só ouvia da boca das pessoas, vi pessoas que se intitulam “libertárias” e são mais presas na vida do que qualquer alienado, conheci pessoas que caminham sem rumo, que apanham a torto e a direito e não desistem até que algo esbarra nelas, algo que elas nunca conheceram, algo que não entendem, ai qualquer carinho é demais pra suportar; experimentei comidas novas sem adição animal, sensações físicas diferentes, me vi cheio de preguiça, percebi que sou meu pior vilão, vi pessoas e vi coisas que se diziam humanos, mas nunca vão saber o que é isso, mas não posso dizer que lamento, alias não lamento mesmo. Ah…sim! Percebi o quão inútil são alguns movimentos ou formas de intervenção, não por serem intervenções, mas de como eles são aplicados num plano maior… Vi o movimento estudantil mostrando sua força depois de anos de silêncio, soube de tal heróis/vilões que se modificam de acordo com a fonte da história, senti o cheiro de bolo queimando no forno porque estava transando no quarto, senti raiva da minha mãe por não compreender que ela me ama e me aceita, conheci alguns que lutam por muitas coisas, mas não lutam por si, vi sticks lindos que poderiam estar numa galeria. Acho que é assim, alias acredito que é assim, antes de se ter uma opinião para algo se deve experimentar, sentir, conhecer e assim perceber que o mundo é grande demais e cheio de coisas, que não precisam ser julgados nem entendidas, só admiradas ou compartilhadas, creio que me abri.
Nesse último tempo que ti resta, não tente fazer nada alem de você, se conheça, esqueça, conquiste, seja, faça… conjugue o verbo to be. Talvez assim você percebe que nem tudo precisa de um nome, que algumas coisas só são o que são, O Nome da Coisa.

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Irmandade

Seus pais sabem de você e te aceitam. Ótimo, grande passo, mas seu irmão mais novo ainda não sabe, e agora?
Pois é, acreditem isso acontece, pra ser sincero só percebi isso hoje e por mais incrível que pareça graças a um episódio de Queer as folks.
No episódio 15 da primeira temporada da série, o filho do David vem visitar ele e o Michael, o Michael achou que o menino ficava desconfortável pelo fato de seu pai ser gay e estar morando com outro homem, até que uma hora o menino diz: – “Ta meu é gay!… Eu sei disso desde os 9 anos, o que me irrita é ele organizando cada minuto do meu dia, por isso venho pouco pra cá.”, e foi isso que me fez pensar, no que dizer ao meu irmão mais novo, por que um dia eu chegaria com um namorado em casa e como seria a reação dele, como minha mãe iria evitar isso usando meu irmão como desculpas. E hoje assistindo a tevê pela manhã, me deparo com uma duvida depois de uma conversa sobre homens que se vestem de mulher, a duvida foi cruciante, não ser honesto com uma pessoa que eu amo tanto, isso mexeu mesmo comigo, levei meu irmão para o meu quarto e mostrei algumas cenas de queer as folks pra ele, ele ficou assistindo como se assistisse a um desenho qualquer, depois que terminou eu olhei pra ele e falei que tinha mostrado tudo aquilo porque eu era gay, e sabe o que ele fez? Olhou pra mim e falou: – “Ta! Posso pegar yakult?”, meu irmão se chama Erick, tem 9 anos de idade, e tem uma inocência incrível que sinceramente todas as crianças de hoje deveriam ter.
Se estiver numa situação parecida, não é necessário que você conte a não ser que você sinta isso, ninguém te obriga a nada, só tenha certeza que é o melhor pra você e no fim verá que é sempre melhor não se esconder.

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Panorama

Estar aqui é uma tarefa difícil, viver não é nada fácil, cada um que passa por uma rua movimentada tem segredos, esconde algo, nega algo para ser aceito, e não estou falando só de sexualidade.
Quantos negros executivos e bem sucedidos você já viu de trança? Ando pela Paulista e vejo inúmeros negros de cabeça raspada, negras com cabelo alisado, para serem aceitos, mas não estou falando só de negros.
Meu nome é Leonardo Vilela Araujo, sou brasileiro, paulista, tenho 19 anos, sou gay, sou feito de misturas de raças, como já disse sou brasileiro! Vamos numerar os preconceitos que sofro num âmbito mundial:
– Sou jovem demais
– Sou brasileiro
– Sou gay
– Sou latino
– Sou paulista
– Descendente de italianos
– Descendente de portugueses
– Descendentes de africanos
– Descendentes de Índios
– Sou pagão
– Não sou branco, nem negro, nem pardo, nem mulato
– Sou ator

… entre inúmeras outras coisas!

Vivemos num pais misto, mas cheio de preconceitos, coisas expostas, coisas impostas, algumas enrustidas, mas ainda sim PRECONCEITO. Diferente dos meus outros textos, esse não tem uma função informativa, ou de alerta, mas como as outras é uma opinião.

Me pego pensando numa frase de uma peça que estou ensaiando: “Somos todos feitos de sonhos, risonhos, bisonhos, tristonhos, mas ainda sim sonhos, somos só sonhos”

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