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Categoria: Coisa

Em mar aberto

Rio de La Plata – Argentina

E quando você olha para o lado e nada mais te segura, você pula?
 
Pensar em pular já é um ato de coragem, alguns nem mesmo perceberiam essa janela. Mas você percebeu e agora pensa, será que eu pulo? Será ?

Chegar neste momento da escolha já representa um rompimento, afinal você está consciente da questão. Decidir ignorar o desejo do salto também é um ato consciente, logo independente do que você escolha, pular ou não pular, existe o você antes e depois da vontade.

Portos só servem para descarregar, o resto é mar.
 
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SacoCheio.com


Frida Kahlo

A verdade é que eu fico horas atualizando a timeline na esperança de que algo incrível acontece, de que alguém incrível me conheça, de que talvez o universo desapareça.
Conto quantos seguidores eu tenho, quantos amigos mantenho, quantos + se agrupam nas minhas produções. São likes que se tornam dislike. Na vida real não existem downloads.
Eu espero aqui sentado que a vida acompanhe meus dedos e se torne algo interessante a ser contado. São mais de vinte palavras por segundo.  “Oi, tudo bem? Novidades?” e aí está o começo de boa parte das minhas conversas.
Tem as caras no livro, tem os piadores, tem os compulsivos por murais e é claro tem os ouvintes crônicos. Ta ficando um pouco chato isso tudo.
Tá ficando sem graça isso tudo.
Tá broxando a cada tecla.
Tá desaparecendo.
Tá indo.
Foi.
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Uma carta para você,


Foto André Medeiros Martins

Eu só queria ver você sorrindo ao olhar pros meus olhos. Ouvir você suspirar palavras marcantes enquanto eu abro o zíper da sua calça e te masturbo como quem toca um instrumento em busca de uma nota única.
Ver suas bochechas rosarem enquanto pego a sua coxa com força e puxo contra a minha.
Sentir teus pelos roçando nos meus enquanto você vira os olhos, morde o lábio e solta um gemido baixo.
Ver sua pele arrepiar enquanto eu beijo sua nuca e meto minha pica entre suas nádegas brancas.
Você se liquefazendo entre meus braços, gemendo, gritando, mordendo. Pedindo mais.
Eu delirando a cada segundo dentro de você. Bombada após bombada, só querendo gozar na sua cara e ver você sorrir.
*Em homenagem a “Cartas Pornográficas de James Joyce”.
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Renata


Logo que eu a vi meu coração deu três pulos. A regata amarela mostrava levemente seu ventre quando levantava os braços. Cabelos bagunçados, lápis no olho e boca seca.
Sorriu com o canto da boca quando percebeu meu olhar.  Sua perna coberta por um jeans rasgado tocava a minha. Enrubesci. Ela destacava-se entre os vagões.
Tinha um ar imponente e ao mesmo tempo casual, suas unhas vermelhas e o allstar branco já sujo do dia-a-dia, ampliavam este ar de garota urbana. Sem frescura. Bruta e suave.
Quis dar-lhe um beijo, mas só me restou a timidez. Quis dedicar-lhe momentos mais longos, dobrar o tempo e estender a margem, deitar em teu colo e lamber-te de baixo pra cima. 
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Dragões de fumaça

http://www.flickr.com/photos/leonardovilela
Pela janela eu vejo os pássaros voarem. Me deparo com o meu reflexo e as lembranças do passado se materializam quando a minha iris encontra a iris da minha imagem.

São quinze para o meio dia e minha mente viaja. O barulho do motor ainda não venceu o cantar dos pássaros. Minha boca seca pensa no corte igualmente seco da minha história. Sempre fui de matar dragões e isso te deixa meio áspero. Talvez por isso memórias se tornaram afago.

Não sei ao certo em quanto tempo o sol vira lua, mas sei que durante esse tempo imaginário minha vida se desfez e nasceu de novo por diversas vezes. Águas passadas sempre caem no mar, salgam a boca e viram ondas de crista branca.

O volume dos carros começa a vencer o dos pássaros.
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